sexta-feira, 23 de maio de 2008

Variância

Sonhei que a minha tia preferida tinha morrido... e demorou um tempo para cair a ficha. Quando caiu eu me acabei de chorar. Mas não me lembro mais do que aconteceu no resto do sonho. Na verdade não tinha repensado nesse sonho até agora. Foi quando eu lembrei da Tia Lilí e então me veio um pensamento relâmpago: “mas... ela não tinha morrido?”... então percebi que tinha sido um sonho.
Engraçado, ultimamente tenho pensado muito na minha primeira lembrança, onde eu me sentava no colo da Tia Lilí e perguntava se eu ia morrer. Quem sabe haja alguma conexão misteriosa entre essas coisas. Ou quem sabe ser cética vai me poupar vários minutos de reflexão infrutífera.
Eu tenho essa tendência a pensar no mundo como dois extremos incompatíveis. Então o meu objetivo passa a ser o meio do caminho. Seguindo a sabedoria de Aristóteles. Mas uma vez tive uma conversa com o Fefs sobre isso, e nunca tinha pensado que poderiam existir vários caminhos diferentes (no caso do Fefs, sete), e que poderia haver interseções entre dois ou mais dos vários caminhos. Então eu tentei pensar assim, mas ficou complicado demais para a minha capacidade cognitiva. Enfim, descobri que amo e detesto teorizar sobre a vida. Amo porque isso me dá uma sensação ilusória de segurança. Detesto por ser ilusória. A questão é que eu sou uma pessoa totalmente insegura. Nunca me encaixei direito em um padrão, nunca tive um grupo que desse suporte ao meu jeito de ser, e por isso eu sempre acreditei que eu deveria ser o meu próprio suporte. Mas é como jogar o peso do mundo sobre mim mesma. Algumas pessoas se apóiam na religião, ou nos seus grupos bem estabelecidos, outras em coisas tão misteriosas que eu acabo achando que elas têm uma maturidade emocional bem maior que a minha. Mas não acredito nisso de verdade. Acho que todo mundo é tão inseguro quanto eu, só que nem todo mundo tem isso tão nítido na cabeça.
Eu sempre me limito a falar do que eu vejo. Só que o que eu vejo é quase sempre mentira. Eis que sou uma mentirosa orgulhosa de ser.
Algumas questões de valores bem populares não fazem o menor sentido para mim. Porque eu tenho uma opinião bem simples e tranqüila sobre coisas como mentir. Já outras questões que produzem algumas respostas programadas, que parecem ser simples para os outros (porém massificadas), já me fazem passar horas debatendo internamente para chegar a conclusão nenhuma. Essa minha visão invertida acaba sendo a base da minha identidade “autônoma”. É nisso que eu me apoio: no orgulho que tenho de saber pensar em coisas que não são naturalmente pensadas. Se for seguir por isso, existem varias pessoas como eu. Digamos pseudo-intelectuais prepotentes.
Mas a verdade é que eu não posso, nem se quisesse, mudar o mundo. Nada que eu faça vai fazer com que as outras pessoas mudem. Mas eu posso mudar a mim e, assim, posso mudar o meu mundo ilusório particular. E não adianta falar em alienação comigo, porque todos têm um mundinho particular alienado. É para lá que vamos quando estamos calados (eis que descubro por que não gosto de argumentação de sociólogo).
A vida dos outros não é de massinha. Mas a minha vida é.
Anyway... I think that what I’m really trying to say here is... I HATE SAUERKRAUT!

Sabedorias populares para alegrar o dia:
"H2O em estado líquido, insistentemente colidindo com formações rochosas de maior período existencial, acaba por provocar orifícios irregulares.";
“Àquele que se encontra provido de cavidade oral é permitida a ida à capital da Itália.”





►Fui deixando os assuntos virem sozinhos… acabou que meu post não tem propósito de ser.