terça-feira, 13 de maio de 2008

Era uma vez um sonho.

Muito tempo se passou, e ela não voltou àquele lugar. Passou a visitar apenas em pensamento. Guardou as lembranças. Pegou aquele lugar e colocou em uma caixinha lacrada num canto escuro da mente.
Algumas vezes pensou em como seria voltar ali. Quem sabe seria extremamente desagradável. Quem sabe não a afetaria de forma alguma. Mas decidiu não experimentar a sensação, seja qual sensação a esperava ali.
No começo não queria mais lembrar. As coisas foram evoluindo em sua mente.
Primeiro a dúvida, depois o medo de estar correta. Primeiro veio o desespero, e depois a decisão mais importante, ela acreditou. Veja, é que ela sempre foi uma menina alheia à própria vida. Nunca precisou decidir para onde a própria vida iria. Ela simplesmente ia. Então um dia, se viu diferente daquela menina que aceitava tudo que acontecia sozinho. Porque acontecer sozinho já não a satisfazia.
Primeiro veio a lágrima, e depois o sorriso. Mas depois daquele dia de inverno, tudo havia mudado. Não haveria mais nada do que sempre houvera. Não poderia mais contar com aquilo que lhe acontecia diariamente. E então veio aquele sentimento perdido.
Depois disso os dias passaram em blocos. Primeiro vieram os gritos e depois as frases sóbrias e bem ponderadas.
O medo deu em certeza, que deu em postura, que deu em orgulho, que deu em vaidade, que deu em solidão, que deu em saudade, que deu em idiotice, que deu em esquecimento, que deu em tentativa, que deu em frustração, que deu em desilusão, que deu em procuras. Essas deram em nada, de início. Depois veio mais tentativa. Que deu em mais frustração. Por fim veio a total negligencia que deu em total preguiça, a perda de sentido, a ausência, enfim ausência.
Vieram certezas mentirosas, vieram seguranças ilusórias. Vieram pensamentos que nada faziam se não a convencer de que havia feito a escolha certa. Ela teve que pensar muito até descobrir que pensar não era necessário.
Mas não é que tudo sempre muda? A cabeça dela mudou. E tudo que estava dentro ganhou outro brilho e outra sombra. As canções eram outras, e assim, falavam de coisas diferentes.
Tanta coisa lhe aconteceu de novo. E aquela frase, uma das ultimas amigáveis, se tornou realidade. Coisas que ela não imaginava que aconteceriam, mas aconteceram.
E com tudo que veio de novo, a caixinha lacrada, aquele lugar... voltaram.
Foi sem querer.
Ela estava apenas passando por perto, por algum motivo qualquer. E então olhou para lá. Lembrou de tudo de repente. E sorriu.
Mas agora era outra presença ao seu lado. E agora era hora de escolher novos lugares para viver.
Ela não sabia que as coisas eram assim.
Nunca tinha vivido nada direito. Só estava se deixando levar pela vida.
E como foi gostoso o sabor de vida realmente vivida!


E aí eu acordei.



►É tanta coisa interessante para pensar! Tudo junto numa tempestade mental. Até que uma cena interrompe e me enche de endorfina.