segunda-feira, 26 de maio de 2008

Não vai me livrar de viver.

Um livro genial era tudo que eu precisava nesse momento.
Estava eu lá. Um sábado normal, não muito animado. Tinha ido ao francês e tinha feito questão de não me direcionar ou me demorar em outras localidades depois. Estava em casa mais cedo que o normal para um sábado. E achei ótimo. Não queria fazer nada (o esse sentimento se alongou para domingo). Então me veio uma vontade enorme de ler, botar em dia toda essa leitura prazerosa acumulada por falta de tempo que a academia me impõe. Mas o problema era que meu lindo livro do Oliver Sacks que estava lendo e reclamando por não ter mais tempo para dedicar a ele não estava comigo. Então, de canto de olho, reparo no Cabeça Tubarão ali na desk do meu quarto, dando sopa como quem não quer nada. Só porque ele sabe que só a capa já é atrativo o suficiente para perturbar a minha ordem mental. Por dois milésimos de segundo lutei contra a idéia de começar uma nova leitura paralela a um livro ausente, fazendo assim com que a minha ordem mental para leituras paralelas à faculdade perdesse qualquer sentido que eu já tentava impor à força. Mas a capa do livro ganhou a discussão e eu peguei o livro após dois segundos parada à sua frente.
Então passei o resto de sábado apenas lendo. Domingo eu tive coisas a ler para a faculdade (olha aí, a academia tentando interferir de novo na minha leitura prazerosa...) mas voltei ao Cabeça Tubarão à noite.
Esse livro é irresistivelmente genial! Em pouco tempo de leitura eu já avancei muito mais que o meu normal (considerando a minha velocidade não muito alta para leitura), e já estou sentindo pena das paginas estarem indo embora tão rápido. Enquanto lia, pensava em partes geniais para guardar na memória, mas é tudo genial. Sério... TUDO!
Não tem uma pagina sequer que não me deixou embasbacada até agora.
É que o autor escreve exatamente da mesma forma que eu. Só que obviamente a minha forma de escrever foi se formando como uma esponja de trejeitos dos outros (e claro que esse assunto também é tratado no livro, é como se ele previsse tudo que eu vou sentir por ele e me avisasse antes), então o jeito de escrever do cara é o jeito de escrever da mistura de todas as pessoas que escreviam de forma legal na minha opinião que já li na vida. Engraçado, não? E mais, ele mistura pensamentos meus, fundidos com pensamentos de pessoas que já amei na vida (ou ainda amo). Ele mistura desejos meus com desejos de pessoas com quem já convivi de perto (e nessa parte me maravilhei mais, porque nem sempre isso me trouxe sentimentos bons. Cheguei a sentir raiva desse fato específico, mas mesmo isso me fascinou).
E acreditem, em um quarto do livro eu já estou sentindo isso tudo por ele... Pressinto primeiro lugar no podium das leituras para ele, e já o parabeniso por isso.
Claro que agora vou estar obcecada pelo livro por um tempo, até que o termine, quem sabe bem depois disso, então vai ser normal se eu acabar citando ele aqui mais algumas cinqüenta vezes.
E o mais legal é que o livro, e o turbilhão de coisas loucas que tem dentro dele, me deram uma nova, linear e azul gelo visão dessas picuinhas da minha vida, das quais não paro mais de falar nesse blog. Com pausas para fantasias inofensivas (a novidade é serem inofensivas). Mas acho que a questão é que agora parei de querer me importar o máximo que consigo. Um pouco já é suficiente, mas existem outras coisas merecedoras de atenção na minha vida (incluindo meu novo primeiro candidato a futuro livro preferido).
Acordei com um sentimento de frescor e com uma mola nova e lubrificada no peito. Parece que vou sair me jogando por aí.



►Azul, preto e branco.