quarta-feira, 30 de julho de 2008

Estatísticas

Coisas que eu detesto admitir.
Se alguém vier me perguntar se eu tenho estado estatisticamente feliz, eu seria obrigada a mentir. Maquiar a minha vida para os outros sempre foi como um dom natural, e os relatos fantásticos saem pulando da minha boca.
Existe uma grande diferença entre humor e felicidade/tristeza... eu estou quase sempre sinceramente bem humorada... mas as estatísticas da minha felicidade não têm andado muito em alta.
Hoje eu remexi em minhas coisas guardadas no meu armário de lembranças e percebi o quanto detesto ler o que eu mesma escrevo. Primeiro porque eu escrevo mal (pelo menos acredito haver uma evolução nesse ponto, já que eu sempre acredito estar escrevendo melhor que o fazia antes). Segundo porque parece que até pouco tempo atrás, eu só sentia vontade de escrever quando eu estava triste (esse blog foi uma espécie de revolução desse raciocínio). Resumindo: reler esses arquivos do meu armário é muito deprimente. Terceiro porque eu tinha idéias e vícios de pensamento totalmente ridículos. Não posso evitar em me perguntar como é que eu posso já ter sido tão estúpida.
Para além disso e, quem sabe, agravado por isso, penso também em quão estúpida eu ainda sou.
Acho que o que eu quero dizer é que eu detesto a mim mesma quando estou triste. Porque tudo vira motivo para reclamar, porque todos se viram contra mim, porque eu viro a vítima desse mundo triste e cruel, porque eu me acho irremediável demais para contar como me sinto e os motivos para isso para alguém apesar de desejar que alguém venha se oferecer como saco de reclamação enquanto eu mesma mantenho todos a uma certa distância e depois fico reclamando de não ter nenhuma espécie de confidente ou uma pessoa que seja para mim um apoio emocional. Em resumo, eu fico um saco! Se eu não fosse tão grudada em mim, juro que saía de perto nessas horas.
Um ensinamento para mim mesma (vejamos se algum dia ele surte algum efeito): o mundo não vai se consertar para mim porque não tem nada de errado com o mundo.
Eu não consigo esquecer certas feridas, eu estou apavorada com coisas que se aproximam rapidamente, eu não estou a fim de mover esse traseiro gordo para bosta nenhuma, eu temo por ter perdido o controle de vez sobre algumas coisas, eu me culpo por não estar sabendo e querendo largar tudo isso de lado.
Pronto, são esses os motivos para eu ter que mentir sobre as estatísticas da minha felicidade.
Quanto ao meu humor, ele depende muito mais da energia de cada dia. Como fim de férias é um saco por excelência, eu estou travada (vide post anterior) e hoje tirei o dia para pensar em coisa ruim, parece que meu humor não está lá essas coisas.
E como é de meu costume, agora vou me esconder atrás do lado da minha vida que tem dado certo.



►Mais de vinte e quatro horas sem música... eu devo estar com febre!

terça-feira, 29 de julho de 2008

Ainda há

Ah que saudade! É por isso que eu guardo essas coisas... nem me lembrava de todas essas coisas absurdas dos meus 15 anos. E com isso, senti uma saudade absurda da Bebeth. E gente, como eu era estúpida!
Outros assuntos? Pois é... não significa nada e não tem futuro. Cheguei à conclusão de que prefiro voltar ao modo como me sentia nessas épocas antigas... quando a falta não me matava e a perspectiva não importava. Evitava o futuro, enquanto hoje vivo constantemente aterrorizada com a sua aproximação.
Eu PRECISO de alguma coisa inusitada. No mínimo de uma remasterização.
Aquela antiga sensação de estar empacada, dando voltas em mim mesma voltou. Quero voltar a sentir que estou indo para algum lugar.
Quando a vida intelectual explode em mil possibilidades eu me vejo travada em todo o resto.


►Je voudrais.... je aimerais...

domingo, 27 de julho de 2008

De cor ocre

Eu podia ficar cantando para sempre. Me poupar do trabalho de entender.
Mas como todo bom ser humano que se preze, eu não preciso de uma vida sem problemas. E eu sou boa em forjar as minhas próprias férias de problemas.
Hoje o dia correu pastoso, de cor ocre... sem vida, sem gosto. Pelo menos barulhento.
Fiquei imaginando futuros momentos. Fiquei esperando um sinal de mudança... mas parada assim, não me espanta que eu ainda seja a mesma pessoa que era ontem.
Bem, não preciso mais gritar...
De onde saem essas idéias?


►Oh céus... como eu queria que essa frase tivesse um propósito...

Teoria física de uma epifania.

Eu tinha me levantado mais cedo contra a minha vontade. Seria muito mais prazeroso continuar absolutamente imóvel e deixar que minha mente me levasse de volta às coisas irreais. Mas fiz um esforço e movi o primeiro músculo. Depois disso fica mais fácil. É como a teoria do atrito: a força para vencer a resistência deve ser maior, depois disso a força a ser aplicada para produzir movimento é menor.
Então, quando já estava envolvida nas tarefas que eram o motivo para eu fazer o esforço de me mover, descobri que não precisava fazer nada daquilo.
Mas quando se começa a fazer uma coisa dá menos trabalho apenas continuar fazendo, mesmo que sem propósito. Segundo Newton, um corpo em movimento tende a permanecer em movimento até que algo o faça parar. Continuei na inércia sem pensar direito em nada. Quem sabe eu ainda estivesse dormindo a essa altura. Ou era o transe provocado pelos fones de ouvido.
E é sempre nessas horas que se tem revelações introspectivas. Me lembrei de uma frase ecoando de longe na minha memória, na voz do Schieber. Algo sobre a diferença entre o tratamento que homens e mulheres dão para a solidão. Claro que carregada de psicanálise, pois veio do Schieber, mas a frase é verdadeira. E como um tapa na cara, percebi o quão mulher eu sou. Sinceramente, não gosto de me sentir tão mulher assim. Tenho preguiça da prolixia psicológica que as mulheres têm. Prefiro o pragmatismo da psicologia masculina, muitas vezes mais sincero e despreocupado que as mulheres são sem querer admitir.
Como ultimamente diz a minha irmã (esse é o mais novo jargão dela), eu percebi que estava no foco errado.
E na mágica instantânea das minhas seqüências supersônicas de pensamento lógico, dissolvi meus pensamentos a partir do centro. Pense numa vasilha com água até a metade e uma camada fina de óleo por cima. Quando se deixa cair uma única gotinha de detergente no meio, a camada fina de óleo de desfaz rapidamente a partir do centro até as bordas, como uma onda. O detergente faz com que a tensão superficial da água diminua e, como é emulsificante, envolve o óleo e permite que este se misture com a água. Engraçado eu ter chegado a esse ponto de pensamento no momento em que jogava uma gotinha de detergente dentro de uma panela.
Algumas atividades cotidianas simplesmente acontecem. Uma seqüência de movimentos reflexos habituais que dão sempre na mesma coisa. Como lavar louças que se entulham na pia da cozinha, preparar a cama quando vamos nos deitar e quando nos levantamos, dar comida e água para o cachorro pela manhã, caminhar até a padaria e voltar olhando para o caminho familiar no chão, as familiares falhas na calçada, aquele familiar matinho que cresce no canto do meio fio que vimos nascer e crescer nessas idas à padaria durante meses...
Graças aos momentos em que não penso em absolutamente nada, ganho ótimos motivos para pensar em tudo.
Usando o domingo para matar a saudade de Placebo, negligenciar a pressa por algumas horas para só poder me culpar por isso mais tarde, escolher horas avulsas para botar minhas habilidades culinárias em pratica e fazer uma banana flambada que não foi flambada (tinha tudo que uma banana flambada tem que ter, menos o conhaque), juntar forças pára me levantar daqui, reparar em como o clima de férias é tóxico. Estou impregnada pela preguiça. Preciso de correria! Um corpo parado tende a permanecer parado até que algo o faça se mover. A forçã inicial é sempre mais difícil de se conseguir, mas o consolo é que depois que o movimento começa, ele tende a continuar até que chegem as próximas férias, as próximas quedas de humor, as próximas crises de insegurança, os próximos domingos.



►Impressionante como as músicas só vêm traduzir o humor de cada dia em uma série de barulhinhos.

sábado, 26 de julho de 2008

Uma linha reta

Resta uma pergunta. Resta o medo de encarar o reflexo. E se for uma ilusão? E se não há nada que possa ser feito? E se...?
Sim, eu sei. Não é difícil saber. Não é difícil ser egocêntrica. Mas eu tenho esses dois modos de pensar que, incrivelmente, podem tomar lugar simultaneamente. É que eu não gosto, e até finjo que não, mas às vezes sinto aquela necessidade de ser aprovada. A aprovação não é para me guiar ou para ditar um caminho, é para ter certeza de que o caminho que eu sei que é bom é realmente bom. Vai que eu estou errada, não é mesmo?
Tem dois lados nessa estória. Eu sei ser reclamona e insegura às vezes. Eu sei parecer vítima de mim mesma... Mas como já conhecimento geral da galera, reclamar não faz um batalhão vir prontamente resolver a minha vida por mim. Esqueço às vezes de pensar que enquanto estou aqui reclamando da vida, no momento seguinte eu ainda estarei aqui, com a mesma vida, e me virando com ela. Como diz a minha tia, agüentando as pontas!
Uma urgência me invadiu. Um tipo diferente de urgência, que me fez ficar mais calma.
Hoje foi difícil arrancar expressões faciais do meu rosto. Passei o dia com o olhar longe, com preguiça de mover os músculos da face. Minha irmã reclamou, disse que eu não estava bem, que não estava rindo a toa, falando de retardadisses, dando a louca como sempre. Mas eu estava só experimentando um dia de humor extremamente estável.
Tem tanta coisa que eu queria ter tempo e meios para fazer... mas prefiro ir pra cama agora. Tenho estado cansada, vivendo de música e pensamentos complexos acerca de pensamentos complexos.
Sentimentos familiares, situações enjoativas, pensamentos revolucionários, comportamentos previsíveis, humores humanos, dias normais, vida contínua.



►Preciso, urgentemente, provocar um sorriso. Um que seja sincero e pertença a alguém que me importe.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Work it, make it, do it, makes us...

Infrutífero? Quem sabe. Pontos finais são raros nesses tempos de vacas loucas. Barulhos enchem a boca enquanto escutamos nossas memórias mais recentes e mais gritantes. Até que ela explode. Não a boca, a vida. E fagulhas não vão faltar para começar novos incêndios. Até que tudo esteja queimado, desgastado, desvairado, totalmente drenado de todo o sentido, a seqüência temporal não para. E, então, olharemos para trás e para dentro e diremos se valeu ou não a pena. Enquanto olhamos adiante, basta saber que sempre vale a pena. Estou sempre tentando me libertar dessa roupa que me protege do mar e me permite respirar. Minha gaiola contra tubarões. A questão é que o tubarão não é um perigo... ele é um convivente.
Se eu olhar à minha volta, não vou me culpar se meus olhos se prenderem em algum ponto. No momento estou apenas tentando descobrir a cura para a minha cegueira. Tudo que eu quero é conseguir fixar olhares.
E então, uma hora qualquer dessas, eu vou arriscar um sorriso e ver no que dá. Quem sabe eu receba de volta o tipo de sorriso que eu quero.



►Harde, better, faster, stronger...

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Mais pensamentos

Até onde vai o direito que se tem de viver para si mesmo? E até onde vai o direito de alguém de controlar a sua vida com a desculpa de que se importa com você? Algumas outras questões que me vieram depois do filme (O Escafandro e A Borboleta) e de conversas filosóficas com a minha irmã.
Até onde vai uma inimizade injustificada (ou justificada irracionalmente)... Até onde as pessoas se aceitam ou se repelem baseadas em passados compartilhados? Algumas questões que me vieram meio que desimportantemente...
Tive alguns ótimos momentos hoje na casa do Fefs. Foi uma pseudo-despedida já que ele está indo para o Canadá em um mês. Revi a Bebeth, de quem estava com muitas saudades. Theus, que não via há apenas algumas semanas, mas de quem também tinha saudades... a Tuia! O João vi ontem, mas não me canso da companhia! E a Cássia, que acredito que pela primeira vez na vida realmente conversei com ela, apesar de nós nos conhecermos há uns três ou quatro anos... Engraçadas essas coisas não?
E já estou ansiosa para que as aulas comecem. Não por tédio ou pouca estimulação! Até parece que não tirei férias at all. Estou estudando tanto quanto estudo em período letivo, e nesse caso é por prazer, o que me faz engolir livros euforicamente. Estou extremamente exausta nesse momento! Mas eu pareço uma esponja de conhecimento em período de carência afetiva. Quanto mais conhecimento disponível, melhor! Eu aqui ansiosa para estudar as coisas interessantes que existem para se estudar... Conheço poucas pessoas que são tão intelectualmente obcecadas quanto eu (devo poder contar nos dedos de uma mão)... às vezes me parece meio doentio... a ponto de eu estudar neurofisiologia como prazer de férias enquanto todos consideram acordar uma da tarde e assistir filmes de madrugada comendo besteiras o maior prazer de férias. Não que eu esteja criticando essas preferências. Pelo contrario, às vezes parece que me olho de fora e acho até pedantismo essa minha ânsia por conhecimento. Mas eu sei que ainda não irrito ninguém com isso. As pessoas já teriam me avisado!
Bem, além disso tudo, sinto saudades da Fafich. Aquele lugar já virou a minha casa. Nesse semestre vou morar lá mais do que nunca! E meus amigos da Fafich... Saudade da rotina... (quem diria que eu diria isso...).
Bem, eu tinha mais pensamentos boiando na cabeça que gostaria de descarregar aqui... mas estou dormindo e esqueci de fechar os olhos. Preciso recarregar as baterias.



►Quando um sentimento de desânimo ou desilusão invadir, procure seus melhores amigos e coloque algumas musicas de boa qualidade pra tocar! A diversão nascer naturalmente, como que por geração espontânea!

A prospopéia do vinho

Enquanto o tempo vai passando, eu fico aqui pensando na melhor maneira de aproveitá-lo. O tempo é só uma ilusão que o meu cérebro cria para que eu não fique inerte na existência. E mesmo assim ele já tem até personalidade. Como a prosopopéia do vinho... “Esse vinho, por causa do vento norte mais acentuado no ano de 85, ficou com um humor mais alegre, quase intrometido!”. Adoro ouvir as descrições absurdas de vinhos por Renato Machado no Menu Confiança.
Algumas coisinhas curiosas: Depois do trauma que tive com a professora de português de sétima e oitava série, passei anos detestando as principais matérias que ela passou (no inicio acreditava odiar português... mas quando descobri que adoro linguagem, seu funcionamento e estrutura, adoro aprender línguas e que o português é muito bonito quando bem usado, descobri que a minha birra era com a professora). Por isso mesmo até hoje não sei nada daquelas orações subordinadas... e também mantive um longo bloqueio com figuras de linguagem. Mas elas são um máximo, devo admitir! E o mais absurdo e divertido é que existem figuras de linguagem que eu não conhecia... Nunca imaginei que um dia ia me pegar pesquisando sobre figuras de linguagem sintáticas e semânticas. Eu nunca imaginei que jamais pronunciaria as palavras “sintático” e “semântico” de novo na vida... bem, aqui estou eu: adorando gramática. E uma das pessoas a quem tenho que agradecer, e a quem já agradeci inclusive, é a Cássia (professora de redação no terceiro ano). Se não fosse ela, teria um grande interesse acadêmico a menos.
Sei que não sou só eu que faço isso. Costumamos dar uma importância enorme a professores. Os que gostamos de ter tido são praticamente endeusados nas nossas cabeças, os que não gostamos são execrados, espancados, enfogueirados, enforcados, esquartejados e algo mais se for possível.
E como é grande o meu poder com a fuga de idéias, as conexões entre assuntos passam despercebidas, e quando vejo já estou falando de professores quando comecei reclamando da minha preguiça de me levantar daqui... Era isso mesmo? (repare em como eu te fiz querer voltar ao início do texto para se lembrar do que eu estava falando...)
Será que eu peguei o gosto de conversar com o leitor com o Italo Calvino?

As figuras de linguagem:

Figuras semânticas
• Alegoria
• Antífrase
• Antítese
• Antonomásia
• Apóstrofe
• Catacrese
• Comparação
• Disfemismo
• Eufemismo
• Gradação
• Hipálage
• Hipérbole
• Ironia
• Metáfora
• Metalepse
• Metonímia
• Onomatopéia
• Paradoxo
• Perífrase
• Personificação
• Sarcasmo
• Sinestesia

Figuras sintáticas
• Aliteração
• Analepse
• Anacoluto
• Anadiplose
• Anáfora
• Assíndeto
• Clímax
• Diácope
• Elipse
• Epístrofe
• Epizêuxis
• Hipérbato
• Paranomásia
• Pleonasmo
• Polissíndeto
• Prolepse
• Silepse
• Zeugma



►Nomes simpáticos né?

terça-feira, 22 de julho de 2008

Uma minha pérola

Como seria não ser nada se não um pensamento? Ter tudo dentro da cabeça, mas não conseguir comunicar a ninguém. Não poder interferir no mundo exterior. Existir mas não poder estar em algum lugar. Se a existência cartesiana fosse a ÚNICA existência.
De que adiantaria ser apenas um observador do que há de “externo”?
Como eu esperava, estar estudando filosofia da mente e assistir O Escafandro e A Borboleta provocaria algum tipo de inquietação. Eu sempre tentei imaginar uma mente solitária num espaço vazio. Na verdade eu sempre me incomodei demais com o vazio. Por não conseguir fazer idéia de como o vazio absoluto pode ser.
Mas parece que há algo mais apavorante. Justamente estar lá e estar impotente. A mente sobrevive ao acidente, em vez de morrer junto ao corpo.
Eu sabia que em algum ponto desse pensamento eu iria enfiar algum assunto transcendental ou espiritual... mas é aí que reside o meu extremo medo da morte (e acredito que seja o mesmo medo que todos tem). Se o corpo morre, mas a mente não. Para onde ela vai, e fazer o que?
Algo pior ainda seria se a mente morresse junto ao corpo. Se os materialistas estão com a razão e, um dia, a neurociência conseguir encontrar a cede da mente no cérebro, então é claro que com a morte do cérebro morre a mente.
Isso, para mim (e esse é um dos primeiros pensamentos filosóficos terroristas que eu produzi) significaria o fim de qualquer existência. Por quê? Ora, como é que eu compreendo o mundo se não pela percepção subjetiva que eu tenho dele? Eu nunca acreditei em um mundo objetivo que está lá independente da minha existência, apenas esperando que eu o experimente, pois eu não posso ter garantia disso. Tudo que eu posso saber é que agora estou batendo as pontas dos dedos em quadradinhos pretos com letras impressas... mas isso é apenas uma percepção. Não estou falando que o meu teclado não existe... para mim ele existe e muito! A questão é que, se minha mente morrer com meu corpo, não haverá mais uma “eu” observadora aqui para poder abstrair essas percepções subjetivas do mundo. Se a minha mente acabar, eu não vou mais poder perceber o mundo, então o mundo irá acabar. É um pensamento muito megalomaníaco, mas ninguém jamais conseguiu me convencer de que ele não está correto. E agora o Teixeira me vem falar de Materialismo e Dualismo... devo admitir que o materialismo me assusta...
O dualismo, para tantos filósofos, parece uma crença quase religiosa... sempre criticado por estar envolvido com alguma visão mística incompatível com a cientificidade que todo acadêmico parece buscar incessantemente. Mas não é que essa é mais uma forma de buscar um conforto? Só que aqui o conforto não está na ignorância do futuro incerto, mas na adoção de uma visão mais “otimista” desse futuro. Como uma pessoa que passou pela rebelião normal de adolescente e descobriu que acreditar em deus não faz sentido, que isso é uma simples fuga da insegurança que a incerteza traz. Mas e se essa pessoa, mesmo sabendo dessa face enganadora que a religião tem, encara a incerteza de frente e se apavora de tal forma que decide voltar à segurança por vontade própria.
Existem dois tipos de pessoa: os que fogem desesperadamente das perguntas que não podem ser respondidas porque não suportam o silencio que as segue, e existem as pessoas que buscam justamente essas perguntas, pois á na indagação infrutífera que encontram prazer. Não me peça para explicar por que se é de um jeito ou de outro... mas eu me declaro com convicção uma pertencente ao segundo grupo... e isso nem sempre é uma vantagem tão grande... há uma certa solidão instalada da qual não se pode reclamar pois ela fez parte da escolha consciente.
Então, esses filmes, livros, assuntos que me fazem buscar pontos de vista que me apavoram sempre me trazem um grande prazer e um grande desconforto juntos.
Mas eu já me condicionei a acreditar que esse desconforto é sempre apetitivo. Ele me faz pensar demais, me faz escrever demais, me faz entrar em parafuso, me faz me sentir inteligente, também me faz sentir um certo orgulho do status que me convenci que tenho por ser um desses infelizes que saem correndo atrás de sofrimento só para poder reproduzir a dor em forma de beleza.
Eu posso nem chegar perto de um artista renomado aos olhos de um crítico de arte (até porque esses são sempre uns cuzões)... mas aos meus olhos, a mera arte que produzo me faz me sentir a protagonista do mundo.



►Comentários e temas cabem em momentos específicos e a pessoas específicas... acho que é por isso que eu adoro gente flexível como eu, que se diverte em qualquer contexto...

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Fiquei pra trás...

Assim não vale! Era pra eu ganhar a corrida! Ou pelo menos estar com alguns muitos quilômetros de vantagem!
Será que já passei por todas as etapas da perda? Negação, raiva, depressão, euforia, gula, psicose, tuberculose, luxúria, narcolepsia, amnésia, verborragia... falta algum?
Ah, claro... a revolta! Como pude me esquecer?



►Happyness is a warm gun! uuuu uuuu, oh yeah!.

E eu nem vi passar...

Quando eu era pequena, eu sempre passava uma semana das minhas férias na casa das minhas tias na Barroca e a semana seguinte na casa da minha avó em Santa Tereza. Religiosamente! E tem algumas imagens que viraram ícones dessas épocas. O quadradinho de luz do sol que aparecia no chão da copa da casa das minhas tias todo dia às quatro da tarde. O sol entrava por uma fenda que tinha no telhado na varandinha que tem atrás da copa. Esse quadradinho de luz sempre estava ligado com o bolo de chocolate da tia Nely. Era nessa hora que ela sempre interrompia a nossa brincadeira (minha e da Lika) com as miniaturas com que a gente brincava lá para lanchar (a gente sempre mantinha brinquedos nos lugares que freqüentávamos mais... na casa das minhas tias eram as miniaturas, a caixa de lápis de cor, e lá geralmente fazíamos massinha caseira e mexíamos com tinta e coisas do tipo).
A casa da minha avó tinha sempre um clima mais ocre, mofado e envelhecido. Nós vasculhávamos as gavetas de um quarto que ficava do lado da copa e achávamos vasilhas vazias, pastilhas de plástico que eu nunca descobri de onde vieram e pra que serviam, mas que a nossa imaginação transformou em moedas (cortamos um bloquinho de papel e transformamos em talão de cheque e brincávamos de banco). Lá também guardávamos bonecas velhas que tinham sido da minha mãe quando ela era pequena. Quando minha avó estava no Centro trabalhando, nós ficávamos sozinhas na casa com o meu avô. Na época ele era extremamente frio e ficava o dia inteiro no quarto assistindo tv. Então, eu e a Lika íamos no barracão que tem atrás da casa, subíamos no sótão, corríamos pra lá e pra cá... não era preciso muita coisa para me divertir (nunca foi né..)
Engraçado que algumas dessas coisas que eu lembro já são tão absurdas. Como a minha avó sem paciência com a gente (eu, meus dois irmãos e meus dois primos) brincando de lego em cima da mesa e ela querendo servir o almoço. Ela ficou tão nervosa porque não dávamos ouvidos a ela quando pedia para a gente juntar os brinquedos que varreu a mesa com o braço, espalhou pecinhas de lego pela casa toda. Eu nunca me assustei tanto com ela. E hoje ela é tão vulnerável... nem parece mais a mesma pessoa.
E quando meus pais se separaram, íamos nos fins de semana para a casa do meu pai em Betim (ele ainda mora lá), e lá estavam guardados os bonequinhos dos cavaleiros do zodíaco que a minha avo tinha dado ao meu irmão e ele não gostava mais... lembro de quando eu ainda morava lá em Betim e enterrei um monte de clipes no canteirinho de flores que ficava em baixo da janela do meu quarto (ainda devem estar por lá)... o dia em que eu quebrei o abajur do meu quarto com um balão e a minha mãe ficou puta. Quando minha mãe tinha acabado de comprar dois pastores alemães e nós passávamos a tarde toda correndo com eles no terreiro. Quando eu e a Lika passávamos um dia inteiro montando a coleção de móveis e coisinhas de Barbie que tínhamos e desistíamos de brincar depois de montar tudo porque já tinha perdido a graça.
Hoje quando acordei comecei a pensar nessas coisinhas e uma foi puxando a outra. Me lembrei de inúmeras imagens em flash de coisas em que não pensava há anos.
Essas coisas foram passando e eu nem vi passar... Quando percebi, o cotidiano já tinha se tornado nostalgia...
Engraçado... não sei de onde veio o primeiro pensamento.
Eu sequer tive um sonho parecido com isso...
E, aliás, que absurdo o meu sonho! Podia virar filme até! Mas como eu tenho o dom de mudar de assunto sem controle, acho melhor limitar esse post a um post nostálgico. Como se esse texto fosse um álbum de fotografias em palavras.


►Oh, céus... como eu amo burocracia!

domingo, 20 de julho de 2008

One small political moment

Making clever jokes, trying to look intelligent and confident… what is it all for? Am I struggling for action, for peace, for history? Do I believe I can do anything besides being myself and worrying about my little useless world? How can I believe in bigger change? How can I choose something I don’t even believe in?
Meanwhile, I stand here thinking about people who surround me and goals that make me feel a little safer. I chose not to have bigger conscience, so I could be comfortably unpleased with the world I’m in… trying to feel at least pleased with the person I am.
Actually, that is all that matters. My position in the world is nothing but my position in myself.
Makes me think about all that time I waste thinking about tricks, social games, loneliness, what other people think about me and my life.
There are two worlds… the big world in witch there is nothing that can be done in little scale. And there is the real world, where doesn’t matter what is done… the only matter is inner peace. Witch we can hardly experiment.
How sad is this?
That’s why I chose to be in a fantasy world. More poetic, more philosophical, more unreal also, but more beautiful. Some say that ignorance is blessed...
There are too many things going on. I can hardly be involved with one at a time…
This whole amount of words is me being suddenly conscious of my littleness for the world and my bigness for myself.
And why in english? Don’t know… I must have not turned off the “SAP” button yet…



►War is always the same… people trying not to loose what they have already conquered. This works for world wars as works for home wars.

Petit caillou, je n'amerais que vous...

Sabe aquela música de Belle and Sebastian: I don’t love anyone... pura mentira! Essa musica é uma tentativa de convencer a si mesmo que ela é verdade. Assim como eu, tentando acreditar que eu sou capaz de ter paciência. Paciência com o que? O que é que eu estou esperando afinal? Não há o que esperar. Só há eu agora e as coisas que me cercam.
Não sei o que é pior... iludir o incômodo, despistando com outros carinhos, ou aceitá-lo e depois não saber o que fazer com ele...
E eu acordei meio trágica. Deve ser produto do sonho que eu tive... odeio quando eles são realistas demais, a ponto de reproduzir a minha vida sem rodeios! Sonhos deveriam servir para criar realidades alternativas onde tudo dá certo... não para repetir as merdas que sempre acontecem enquanto estou acordada!



►Qual é o meu alvo, afinal?

sábado, 19 de julho de 2008

"Quote"

Existe um prazer peculiar em criar coisas. Principalmente em acreditar que se é original. Em observar a criação com carinho pelo tempo de processo. Pena que não posso saber como é criar uma canção... acho até engraçado eu ser uma pessoa tão musical sem entender patavinas de música, matemática e habilmente falando. Mas quem sabe se compare com meu sentimento ao criar imagens, coisas de utilização diária, comidas, pequenos textos que podem não ser bonitos ou prodigiosos, mas me refletem de uma forma pelo menos bonitinha e simpática.
Criações são o que me permitem me admirar, como se eu fosse outra pessoa. Que me permitem acreditar na minha qualidade. Em outras palavras, são a minha auto-estima.
Nos últimos tempos estou em hiato para o desenho... eu tenho essas fases de falta de criatividade para desenho. Até que, um dia, me bate um surto e eu gasto blocos de folhas de papel em um dia. Cozinhar, faço todo dia. Nem sempre com prazer. Mas quando o é, me orgulho da minha criação, mas não há muito tempo para isso... minhas criações na cozinha tentem a desaparecer bem rápido! A minha necessidade de escrever está sempre por aqui... mas alguns dias me sinto mais comediante, mais desleixada, mais dedicada, mais poética, mais sofrida, mais amarga... cada texto meu tem uma nuvenzinha temática diferente. E de repente me vêm idéias interessantes, como meus projetos pseudo-artesanais (vou fazer eu mesma meu caderno para o próximo semestre – sim, porque meu caderno é sempre muito mais que um caderno!).

Ontem à noite li cinco páginas de Rubem Alves, e isso é como uma atualização de espírito. Ele tem o dom de me fazer sentir simpatia até pela bíblia! (pelo menos curioso!). E ele me mata de rir. Sabe aquele sentimento de carinho por um amigo querido? Vontade de colocar num potinho. A vontade de afagar o cãozinho que está sempre ali do lado com um olhar fofíssimo pra você... estou cheia de sorrisos pacíficos.

E esses vocais femininos... não é de propósito, mas ultimamente noventa por cento do que entra na minha play list é vocal feminino. Feist, Metric, The Sounds, Kate Nash, Marisa Monte, Maria Rita, Yelle, Ting Tings, Pato Fu, Amélie les Crayons… e agora Frou Frou! (baixei discografia e não consigo parar de ouvir mais)
Eu sinto uma certa simpatia por vocais femininos... minha veia feminista pulsando? Naaao... nunca fui revolucionaria. Quem sabe seja mais a minha veia lésbica pulsando! Hahahaha



► “É impossível engaiolar o sentido” Rubem Alves (e eu cheia das citações)

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Eu procrastino meus limites

Para sair do marasmo de dias caseiros de férias (não que eu não goste deles), fui ao cinema com Lika e Diva. Assistimos um filme novo da Audrey Tautou no Usina. Comemos tortas caras e extremamente maravilhosas no Cheese Cake, fomos na Siciliano para passar o tempo. Mas como é impossível olhar livros e não querer dar a vida por um ou dois deles, voltei para casa com mais dois livros de estimação! A Insustentável Leveza do Ser e Ostra Feliz Não Faz Pérola (dois livros que estavam já na minha lista de livros-que-eu-ainda-vou-comprar).
Uma coisa curiosa é que a minha vaga para livros-que-eu-ainda-vou-comprar nunca está vazia. No dia em que eu comprei o Cabeça Tubarão, livro em que eu já estava de olho há uns dois ou três meses, dei uma olhada nos outros livros (também né... euestava na bienal do livro!) e descobri o livro do Rubem Alves, Ostra Feliz Não Faz Pérola.
Hoje, na siciliano, encontrei ele por um preço bótimo e de quebra ainda encontrei A Insustentável Leveza do Ser, que eu já estou querendo ler há um bom tempo também. Claro que ia levar os dois... mas como é inevitável dar uma olhada mos outros livros, descobri um livro muito chique que virou automaticamente o meu próximo objetivo: O Livros das Citações, de Eduardo Giannetti. O livro fala sobre escrever e citar e reproduzir conhecimento utilizando APENAS citações! De todo tipo de pensador.
Brevemente terei esse livro na minha cabeceira também!
E é por isso que vou desligar esse computador agora para poder aproveitar meu tempo com livros e mais livros!

E a minha matricula está uma bagunça! Mas considerando que eu preciso começar a pensar em eliminar aqueles créditos de matérias optativas e que eu ia fazer só cinco matérias do meu próprio curso, acabei pedindo mais duas matérias optativas e planejando pedir mais uma na filosofia (eu nem tenho a garantia de que vou conseguir me matricular em duas delas, quem dirá em todas...). Com isso serão nove matérias nos meus planos pra esse semestre... resolvi chutar o balde com isso e se algo der errado ou ficar inviável eu tranco alguma matéria logo no inicio do semestre. Melhor que passar seis meses me arrependendo por não ter pedido essa matéria ou aquela... e já estou vendo que nesse semestre vou ficar louca! Pelo menos não vou ter nenhuma TEP II da vida para me atazanar.

Engraçado... quanta coisa eu arrumo para me refugiar do incômodo. Novas amizades, novos interesses, novas habilidades, novos conhecimentos...
Agora é a fase de me refugiar nos livros, como que para esquecer dos meus problemas emocionais me concentrando nos meus problemas intelectuais. Eu também tenho as minhas obsessões sazonais. Será que eu também fico chata com essas obsessões? Eu costumo acreditar que elas me deixam mais interessante. But then again, isso tudo é muito relativo e sem nenhum poder de predição de eventos!



►”Tudo que sei é que não sou marxista” Karl Marx

Músicas, livros e cores.

Eu estava deitada, no escuro, olhando para o teto do meu quarto enquanto a televisão emitia sons e luzes que eu não estava afim de tentar interpretar. Então aquele familiar humor me atacou. Um sopro frio e flutuante de inalteração emocional. O clima frio daquela noite também ajudou bastante...
E foi dessa brisa emocional que surgiu novamente aquele meu lado calmo e indiferente, que simplesmente é. E ele me disse para não ligar. Que daqui um tempo (seja qual tempo for) eu vou estar de volta ao estado brando de espera sem pressa pela mudança natural. O conforto da minha cama anatomicamente feita para mim e meus três cobertores também ajudou bastante...
E nesse clima começou meu dia de hoje. Uma calma em azul claro...
Minha pressa agora é intelectual. E imaginar que são tantas coisas que gostaria de ler e saber... e morrerei antes de conseguir absorver nem metade do conhecimento que gostaria de ter... em meio a essa crise de consciência da insignificância que é a minha vida, vou me deliciando com as pequenas coisas que descubro em meio aos livros. E é aí que está um dos únicos prazeres cem por cento garantidos do mundo. Mesmo que eu me desaponte com um livro, estarei feliz por isso.
Paixões incondicionais da minha vida: músicas, livros e cores!



►We’re on our way home, we’re going home!

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Superestimulação sensorial...

Desde que a minha irmã descobriu um bendito site com joguinhos inúteis, relativamente sem graça, porem extremamente coloridos e bonitinhos (o que prende a atenção), além de ser daquele tipo de joguinho que você fica instigado a superar seus próprios recordes de pontuação, estamos todos aqui em casa viciados. Durante dias seguidos passo horas e horas jogando tetris, chegando às fases mais difíceis, aumentando meus pontos.
Nessa época em que o tetris era o jogo do momento (pelo menos para mim e para a Lika), passei a sonhar com os bloquinhos coloridos descendo e girando para caber nos espaços. Comecei a ficar intrigada com isso. quando me pegava não pensando em nada, estava pensando na minha imagem mental do quadro de tetris e fazendo rotação mental com os bloquinhos coloridos, inclusive imaginando os barulhinhos que os bloquinhos faziam ao encaixar nos espaços. Cheguei a ter alucinações relacionadas a tetris! Ouvia os barulhinhos e enxergava bloquinhos avulsamente. Concluí que isso se deu graças à super exposição ao jogo, e fiquei alguns dias sem jogar...
Então comecei a jogar um outro joguinho onde voce lança bolinhas coloridas (sim, sempre muito coloridas!) para eliminar as bolinhas que estão lá em cima (a cada três bolinhas da mesma cor, elas somem). Agora estou imaginando bolinhas coloridas voando por aí, misturando essas bolinhas no meio dos meus sonhos, alucinando novamente.
Imagine que legal é um sonho que se limita a um jogo de tetris! Achei muito legal. Não havia mais nada. Apenas o quadro de tetris, os bloquinhos e eu controlando mentalmente a rotação dele, jogando tetris enquanto dormia.
E o mais legal dessas minhas alucinações com os jogos é que começo a criar estratégias sem querer na minha cabeça. Eu realmente jogo os joguinhos mentalmente! Eu inclusive perco mentalmente!
Como isso é possível?
Comecei a pensar em representação mental, em julgamento... até pensei em criatividade (como é que eu crio um contexto inédito de jogo, consigo até perder para mim mesma, e ainda por cima crio estratégias para me adaptar às dificuldades que a minha própria mente criou no meu jogo mental...)
Pena que não conheço mais ninguém que tenha alucinações com jogos desse tipo. E teoria introspectiva não seve para muita coisa a não ser para me convencer de que sei o que está acontecendo comigo mesma...
Agora, mais uma questão. Não sei se fico feliz e radiante ou apreensiva por estar me tornando uma obsessiva com ciência cognitiva (sim, eu penso nisso o dia todo, sempre tentando teorizar sobre cada coisa que passa pela minha cabeça). Pelo menos acho que ainda não me tornei uma chata insuportável. Eu costumo manter as minhas reflexões e teorias acerca da minha cognição para mim mesma... de que adianta sair contando para os outros as minhas teorias sobre coisas que só passam na minha cabeça? É como comentar sobre internas com todo mundo. Só sendo eu mesma (ou alguém em quem eu confie o suficiente para sair contando meus pensamentos e que goste de psicologia cognitiva assim como eu) para achar graça nos meus discursos cognitivos internos!



►Acho intrigantes esses momentos de consciência do agora. Num piscar passo de férias para “vida louca ocupada sem tempo nem para pensar direito”...

terça-feira, 15 de julho de 2008

Shit happens

Existem dois tipos de perda: aquelas que aconteceram por conseqüência de escolhas (que foram necessárias para que eu chegasse às outras fases da vida, mas não menos aversivas por isso), e as perdas que simplesmente aconteceram.
Bem, o segundo tipo de perda é o problemático. Não foi preciso perder algo, e por isso me arrependo de não ter criado uma forma de impedir que a perda acontecesse.
Então me torno uma perdofóbica, me paraliso a cada nova escolha, torno todo o processo um inferno, sempre e sempre. Cada vez que começo a me sentir assim, sem saída aparente, me desespero. Eu sei que as perdas que resultam de escolhas são boas perdas. Inclusive, olhando posteriormente, não queria ter conservado nenhuma das coisas que perdi por causa de escolhas. Sem elas não teria ganho tudo que ganhei. Mas racionalidade não funciona assim. Eu continuo apavorada.
E, por isso, provavelmente não vou lidar bem com a escolha até lidar bem com a perda natural.
É por isso que eu tenho que enxergar os fatos: não é impossível, e não é evitável. Esses motivos que eu crio para manter a situação como está são apenas desculpas para não ter que encarar uma escolha. Eu não vou ficar pra sempre nessa mesma situação, a não ser que eu não faça nada a respeito. E já está mais do que na hora de fazer algo a respeito!
E essas perdas que acontecem sem que eu possa fazer nada... bem, eu nunca vou gostar delas ou pensar nelas com simpatia. But shit happens.
O máximo que eu posso fazer é aproveitar as coisas enquanto ainda as tenho. Guardar as lembranças bem guardadas. E não deixar que minha vida vire a vida de algém que conheço, que viveu a vida inteira lembrando do passado e planejando o futuro. Acabou se esquecendo de viver o presente... Agora que não tem mais futuro e já se esqueceu do passado, está ausente de si... Nunca soube como é viver...



►Essas pessoas da sala de jantar... são ocupadas em nascer e morrer!

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Idiotices 2

Essa canção te pertence. Você a comprou com direito, apenas por ser quem é. A vendeu com direito apenas por querer quem quis. E o preço, o relativo, fatídico, inevitável preço: a minha alma. Ah se você existisse. Assim poderíamos tratar pessoalmente dessas transações comerciais, em vez de eu ter que fingir, fazer parecer que falo apenas de um músico qualquer, enquanto estou na verdade criando um “amigo” imaginário... se minhas metáforas servissem para alguma coisa, queria que servissem para me enganar, para que eu fique louca, mas nem isso pode ser... continuo sabendo a diferença entre o mundo sensível e o mundo das idéias.
Meu velho amigo, meu caso de amor comigo mesma.



►Disse meu eu-lírico. Então eu o mandei calar a boca.

Idiotices

Por quê? Porque eu não quero desistir de ter uma imagem que eu possa usar. Porque eu não quero desistir da vontade insistente. Porque eu não quero parar de pensar no que parece ser impossível. Porque eu perco a confiança e prefiro acreditar no que não faz sentido. Porque eu tenho medo de ser como aquele produto que todos elogiam, mas que ninguém está afim de comprar. Porque eu não tenho paciência com a vida.
E por isso eu ignoro os motivos concretos.
Minha velha amiga, a agonia de estar parada.



►Chega... prefiro usar o meu tempo ao meu favor!

domingo, 13 de julho de 2008

Overdose conceitual

No livro do Calvino fui praticamente forçada a sentir coisas que nunca imaginei antes (não coisas diferentes, mas situações diferentes) mas que simplesmente fazem todo o sentido do mundo! Fui também forçada a rir das totalmente verdadeiras categorias de livros que encontro numa livraria.
No último texto das Garotas que dizem Ni encarei a mim mesma nas palavras de alguém totalmente diferente de mim. E da sua própria maneira, McFly me fez sorrir, lembrar de situações e perceber uma certa constância nas vidas de meninas nerds (poxa, a menina se auto intitula McFly! Adoro!).
No blog do moço que escreve sobre cognição encontrei um ser humano como eu (não uma divindade acadêmica como costumam ser os autores de textos sobre cognição e neurologia), escrevendo sobre curiosidades normais como as minhas, sobre coisas normais da vida normal de estudante de psicologia que ele leva, assim como eu.
No outro blog que encontrei hoje sobre filosofia da mente (blog pertencente ao grupo de pesquisa em filosofia da mente de uma universidade federal de Santa Catarina – que não me lembro qual é, mas não é a UFSC), vi como alguns alunos de psicologia no Brasil são mais sortudos que eu. Não apenas por morar no Sul, num estado lindo, onde quase sempre é frio (pelo menos mais frio que costuma ser aqui), como também têm o privilegio de ter aulas de filosofia da mente com o João Teixeira himself. Acho que Santa Catarina é um bom lugar pra ir passar uns tempos, quem sabe fazer um doutorado só pra não ficar muito a toa...
No livro do Damásio fiz a minha mente se embolar no conceito de mente. Ele me obrigou a refletir sobre o fato de estar refletindo sobre algo que estava lendo e sobre o próprio fato de estar lendo e absorvendo conhecimento e estar consciente de estar absorvendo conhecimento e, ainda por cima, estar consciente de estar consciente de estar refletindo sobre a leitura sobre alguém que estava escrevendo exatamente sobre tudo isso que acabo de dizer! Uma meta-interpretação quase premonitiva! Depois de uma hora de embolação orgásmica, decidi deixar as idéias acerca de idéias de molho.
No livro do Teixeira, além de deliciar as palavras escritas, fui obrigada a deliciar a história do livro físico e imaginar coisas para além de seu conteúdo teórico. Fazer o que? O livro está altamente envolvido com uma certa rede semântica que eu criei, a qual por si só também envolve o conceito de redes semânticas.
No meu próprio texto (um desses aí atrás), revivi outros flashes de consciência anteriores. Depois de tanta leitura para um dia só, não pude evitar pensar em conceitos complexos acerca do fato de eu, agora, estar lendo algo que eu (alguém que eu sei que fui eu, mas que também sei que não sou mais) e estar revivendo coisas através de representações das memórias que colecionei (e de que ainda tenho acesso), e além de tudo, não ser mais capaz de enxergar os fatos com os mesmos olhos. Saber que não era assim que me senti quanto ao fato, saber que sinto algo diferente graças à sucessão de fatos e a evolução dos meus conceitos até de mim mesma, e conseguir me lembrar de como me senti mas não conseguir sentir novamente. Como se essa eu que já se foi fosse um fantasma que eu sei definir mas não posso mais experimentar.
Acho que estou passando dos limites. Acho que vou parar de ler por hoje...
Amanha, quem sabe, eu complique mais ainda a minha cabeça (e muitos se embasbacariam ao saber que nessa confusão mental em conseqüência da sobrecarga de leitura consiste uma das minhas maiores diversões de férias).

Bem, imaginei que sonharia com o sistema aéreo brasileiro e o fluxo de energia no cosmos... acabei sonhando que eu era um dos Backstreet Boys (eu era o AJ), e nós (os Backstreet Boys) participaríamos de um concurso de beleza masculino. Eu fiquei extremamente preocupada(o) com isso porque já éramos velhos demais pra essas coisas e, consequentemente, não mais bonitos (????????????).
Quando entramos no tal lugar, era a minha sala de aula, com os meus colegas de turma olhando enquanto nós (sim, os Backstreet Boys) nos sentávamos nas cadeiras de frente para a turma e para a Júlia (professora de psicologia social). Então começamos a apresentar um seminário sobre um tal artigo de uma revista sobre diversidade sexual baseado em um monte de teorias complexas que eu mesma inventei! (sim, eu inventei. A Júlia começou a discorrer sobre as teorias loucas e a relação entre elas e as conseqüências lógicas que levavam de uma teoria à outra. E o melhor é que as minhas teorias tinham nomes legais que eu inventei como Fisicialismo ou Mentalismo categórico, e teóricos legais cujos nomes eu também inventei)...
Então eu acordei.
Eu simplesmente adoro os meus sonhos desconexos! Conseguem ser tão loucos quanto os sonhos loucos da minha irmã louca!




►Descobri um filme perfeito que reflete sobre consciência: O escafandro e a borboleta (hora perfeita para esse filme me aparecer!). Já reservei terça feira para ir assistir no Usina!

sábado, 12 de julho de 2008

Laia, laia.

Sei que não é algo incomum, e que até deveria ser habitual, mas agora tudo está tão mais fácil. Claro que as dificuldades passam a ser outras. Mas essa evolução é que é chique demais! E num piscar os planos mudam. Sempre gostei da flexibilidade que a sucessão de momentos pode proporcionar.
E lá fomos nós assistir Amélie Poulain na casa da Diva em vez de ir ao cinema com ela e o tio..... Paulo (outro plano que saiu do nada).
E coisas absurdas aconteceram! Estou pasma com a falta de sentido do mundo.
Mas se todos pensassem como eu, não existiria futebol, sertanejo, mine-saia de lantejoula combinando com boné de lantejoula, programas de domingo do SBT, bermudas floridas, cirurgia plástica, livros caros, regras inúteis, Zorra Total, filmes de terror pouco criativos, e mais uma porrada de coisas (e pessoas) que apenas existem para entojar o mundo.
E eu aqui... insistindo na ausência. Pena que não dá pra viver só de imaginação. Se assim fosse, adoraria comer aquelas pastas coloridas que aparecem na cena em que o Peter Pan (Robin Williams) se lembra de como era ser criança e consegue imaginar a comida (citada acima) junto com os meninos perdidos.
Falar sobre mim é apenas falar sobre mim. Ler o que os outros escrevem sobre si é também ler sobre mim. E é por isso que Bob Dylan parou de compor músicas por uns bons anos por volta dos anos setenta.
E hoje estou cheia dos conhecimentos avulsos. Sinapses facilitadas pela tranqüilidade dos dias inúteis das minhas férias (ou nem tão inúteis assim).
Sabe o que eu queria nesse momento? Ter algo em que pudesse prender a minha atenção, viajar, imaginar coisas que eu tenha certeza que acontecerão (ou que pelo menos têm alguma chance de acontecer), sorrir e me encher de expectativas que eu sei que serão bem recompensadas. Pois é... todo mundo queria isso.
Isso tudo só porque eu fiz questão de me prender num cubículo e engolir a chave.
Um pouquinho mais de Feist para finalizar o dia consciente... e logo estarei em outro lugar, me ocupando de preocupações acerca de uma fatia de queijo mal cortada ou um pato que não pode voar porque o sistema aéreo brasileiro anda em crise financeira, impedindo assim a circulação de idéias positivas no campo energético do cosmos...



►Não me diga mais quem é você. Amanhã tudo volta ao normal. Deixe a festa acabar. Deixe o barco correr. Deixe o dia raiar. Que hoje eu sou da maneira que você me quer. O que você pedir eu lhe dou. Seja você quem for. Seja o que deus quiser.

Algumas coisas, algum tempo.

Vinho. Frio. Linguine ao molho de tomate com manjericão e filé flambado na vodka. Bota preta de camurça, cano curto, salto dez centímetros, digna de aparecer em uma cena de O Diabo Veste Prada. Piadas inteligentes. Sonhar com “um dia, quem sabe”. Carro estragado. Não me lembro. Quarto. Três cobertores. Noite apagada. Não mais aquele sonho. Onze horas da manhã. Rosto borrado de maquiagem misturada com uma noite de reviravoltas na cama. Primeira combinação de roupas que achei dando bola pelo quarto. Ruas do meu bairro num sábado de manhã. Sol fraco. Padaria. Pensamentos avulsos sobre ecologia e a utopia de ser uma pessoa politicamente correta. Cabelo mais vento. Chave. Mortadela. Feist, Interpol... Feist.
Ainda aproveitando o ócio completo. Vontade de ir no cinema... vejamos se vou hoje.


►queria poder escrever barulhos, emoções, cheiros, coceirinhas na mente... la la la la, la la la la!

quinta-feira, 10 de julho de 2008

C'mere

It's way too late to be this locked inside ourselves
The trouble is that you're in love with someone else
It should be me. Oh, it should be me
Your sacred parts, your getaways
You come along on summer days
Tenderly, tastefully

And so may, we make time
Try to find somebody else
This place is mine

You said today, you know exactly how I feel
I have my doubts little girl
I'm in love with something real
It could be me, that's changing

And so may, we make time
To try and find somebody else
Who has a line

Now seasoned with health
Two lovers walk a lakeside mile
Try pleasing with stealth, rodeo
See what stands long ending fast

Oh, how I love you in the evenings
When we are sleeping
We are sleeping. Oh, we are sleeping

And so may, we make time
We try to find somebody else
Who has a line

Now seasoned with health
Two lovers walk a lakeside mile
Try pleasing with stealth, rodeo
See what stands long, oh ending fast


Essas frases gravadas na minha memória... agora não me resta nada se não rir da ironia.
Às vezes não sei se isso que estou desenhando no papel é um ponto final ou reticências.
Mas da mesma forma que acho um absurdo já ter acreditado em certas coisas, um dia vou achar um absurdo não deixar de acreditar em outras.
Significados são tão particulares... a minha interpretação de canções e dos ecos que me invadem quando estou desprevenida é tão minha...
E os contextos vão mudando levemente a cada dia.
Agora é hora de resolver assuntos pendentes!
Eu, mais eficiente que nunca.


►Cadê? Pra onde foi meu amigo imaginário?

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Depois de um tempo vem...

Dois tempos.
Já não posso dizer que fui eu que fiz ou disse.
Meus pensamentos não me pertencem. Tudo que passa por mim pertence ao momento. Como se cada flash de consciência fosse uma pessoa diferente percebendo coisas diferentes e sendo influenciada por motivos diferentes.
Me propus a algo, cumpri. E o resultado não foi o que eu esperava. Mas quem é que disse que seria? Durante o momento, tudo valeu pelo preço que eu paguei. Algumas coisas vieram mais caras que eu julgava merecerem, outras vieram baratas demais e eu acabei não percebendo o valor muito maior que tinham imediatamente... mas é assim mesmo. Eu só sou um flash de consciência falando aqui.
Lembro que não gostava (aliás, detestava) pensar no futuro... me imaginar morando sozinha ou com uma família só minha. Me imaginar tendo que trabalhar para sobreviver. Não queria aceitar o fato de que esse conforto de mão beijada não dura pra sempre. Agora, já sinto uma gasturinha com a idéia de continuar estagnada nesse conforto e não sair por aí quebrando a cara. Tenho pensado muito no meu futuro nos últimos meses e, principalmente, nos últimos dias. Afinal, são outros motivos agora.
Vi de relance coisas que podem me acontecer lá na frente se eu souber como procurar (pareço vidente, mas sou apenas doida como todo mundo).
Porque já sei fazer uma lista de coisas que quero. Um doutorado, uma filha chamada Sofia, um cachorro chamado Pelúdson, um Classe A......
Para agora? Só quero freqüentar minhas aulas orgásmicas, treinar meu francês, investir na minha cabeça e no meu corpo (porque estou me sentindo pessimamente sedentária), aproveitar ao máximo cada amizade que colecionei aos poucos, e quem sabe um caso amoroso que me faça sorrir enquanto tomo banho ou olho pela janela da sala de aula...
Mas para os desejos em que não tenho poder de influencia (e nem pretendo ter), deixo em aberto o sofrimento da demora ou da pressa excessiva...
Só não sei onde vai estar a linha entre hoje e amanhã...



►O que é bom nunca morre.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Tchau...

Ócio, enfim. Posso agora me dedicar a não me dedicar a nada.
Por pouco tempo, mas pelo tempo necessário.
Enquanto isso, chego a estágios diferentes. É como se finalmente o obvio se tornasse real.
Mas ainda me falta aquilo que me falta há... algum tempo.
Me queixar não vai fazer com que nada mude, e nem nada que eu possa fazer. Pois é justamente ao acaso que eu quero que as coisas aconteçam.
Agora é hora de me afastar. Tirar férias de tudo, inclusive de mim mesma.
Quero me afastar para perceber que não preciso de distâncias. Quero que não seja mais.
Posso me sentir mais ou menos digna de admiração a cada dia, mas hoje me sinto apenas eu. Cheia de belezas e feiúras.
Fazer o que... não precisa ser meu objetivo conquistar atenções à força. Muito menos quero que seja.
E esse sentimento insistente de querer mais que isso? Acho que é pelo menos fundamental me sentir assim. Assim sempre terei motivos para dar mais um passo.



►E até qualquer dia desses.