sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Ao som de uma canção azul

Jesus e seus teclados!
E olha eu aqui de novo, sentindo inveja de pessoas mais talentosas que eu...
E não é que isso é bem comum?
Acho que eu só ficaria satisfeita o dia que eu me visse desenhando melhor que toda a população do Deviantart acumulada, escrevendo coisas mais absurdas do que Guimarães Rosa combinado com Douglas Adams e Paulo Henriques Britto, cozinhando melhor que Jamie Oliver, pintando melhor que Van Gogh, cantando melhor que Marisa Monte, escrevendo canções mais absurdamente boas que Chico Buarque, Los Hermanos e Arnaldo Antunes.
E olha que listei alguns dos meus, digamos, altares artísticos.
Um dia a minha auto-admiração vai atingir níveis inimagináveis. Nesse dia todos correrão atrás de mim com tochas, enfurecidas.

Um dia vazio às vezes consegue ser mais interessante que uma noite de maratona cultural.
Bem, depende mo meu humor também.
Para o humor do momento, nada melhor que brincar com um programa legal no computador, colorir o desenho começado no dia anterior, ficar meia hora olhando pros desenhos anteriores, não pensar em nada... Ouvir o CD da Marisa Monte que comprei ontem (Universo ao meu Redor).

O que é que tem na minha alma que me faz ficar tanto tempo olhando absorta para ela?
Às vezes não acredito que é minha. É como se eu fosse outra pessoa analisando um quadro no Louvre. Outras vezes a minha alma tem a sua própria vida. Ela não foi criada por ninguém, ela simplesmente existe e está ali no meu colo.
Às vezes eu quase converso com ela...
Às vezes falta alguma coisa... Quase sempre falta alguma coisa. Aquele traço mágico que faz com que ela se mecha sozinha.
Às vezes ela se meche.
E quem foi que disse que só porque eu invento tudo isso quer dizer que não é real?

São idéias voando soltas por aí.
Elas todas tentando voltar para mim.
Voltar? Mas elas não saíram de mim...
Apesar de sempre existir aquele sentimento de que eu já vi tudo isso antes.
É uma questão metafísica.
E, infelizmente, empírica.
É uma confusão tão bonita que eu prefiro não tentar entende-la.
Gosto de me perder no meio dos riscos e cores das musicas e das palavras.
Eu não quero saber a ciência da arte. Eu quero sentir as cores dela, bem naquelas células do olho que são de mentira. Naquela parte do cérebro que eu mesma criei. Eu gosto de ser um balão de hélio... Simplesmente levado para os lugares inusitados.
E o que tem de errado? Não vejo isso como ignorância. Vejo como um ato deliberado de fechar os olhos e aproveitar o frio na barriga.



►Foi um longo dia. Relativamente curto, aliás.