segunda-feira, 2 de junho de 2008

Divisores indefiníveis.

[Imagem: eu e meu paint em um momento, digamos, violento... mas nao deixou de ser divertido.]

Eu vivo simultaneamente em dois mundos. Enquanto vejo as coisas acontecendo de uma forma, elas acontecem de outra na minha cabeça. Até aí tudo bem. Mas e quando os fatos de dentro da minha cabeça afetam a minha percepção do que é real mais do que o que os meus olhos enxergam? Digamos que eu posso criar uma visão meio torta do mundo, ou que eu posso fazer loucuras. O caminho para isso é sutil.
O que mais me irrita é que eu tenho consciência dessa interferência entre noções mentais e perceptuais que eu tenho das coisas. Então eu nunca sei se devo apenas seguir meus olhos e ouvidos ou se devo enfeitar o mundo com as minhas invenções quase nunca racionais.
Seria tão bom se fosse assim... mas e se for? Porque a partir disso e daquilo, pode ser que seja. Mas e aquilo também? Deve significar algo maior que isso, algo além, algo escondido que eu tenho que entender... mas o que é? Se eu for seguir essa linha e aquilo que já aconteceu naquele dia, quem sabe possa significar essa coisa horrorosa que eu vou detestar se for assim... mas também, se eu me basear naquele e naquele outro momento, isso tudo pode significar exatamente o que eu quero que signifique e, de alguma forma louca, tudo vai dar no que eu quero que dê, e eu vou ter meu desejo de 13:13 realizado!
De verdade, nesses momentos em que eu não sou eu, como agora, dá pra ficar louco só lendo o meu raciocínio cíclico, romântico, delirante e frustrado. Quando eu não sou eu, eu vejo como eu sou uma pessoa cíclica, romântica, delirante e frustrada.
E quando um sonho entra nesse meio? Sei que o sonho não é real e sei que gostaria muito. E como a minha racionalidade falaciosa sempre arruma voltas argumentativas para provar que está correta, eu acabo me convencendo de que, um dia, o sonho vai acontecer.
Frustrada... eu sempre tento pensar antecipadamente: não é o que você pensa, isso não vai acontecer, não precisa ficar esperando que aconteça, não é o que você pensa... para de querer isso AGORA! Para! Pode parar! Não, não termine esse pensamento! Nem sequer pense em imaginar isso! Porra! Para de pensar no que só vai te fazer sofrer depois... para de querer o que não vai ter! Mas que bosta! Você é mais teimosa que uma mula!
Eu posso chegar a pensar que esqueci de querer... imbecilidade minha. No fim do dia, me deparo mais uma vez com a minha racionalidade furada e percebo o quanto a verdade é mais seca e sólida. Que não existem essas voltas que eu dei para tentar me convencer. Que é apenas o que é. É só o fato, é só o momento.
O meu maior problema é saber que eu estou completamente errada mesmo tendo todos os motivos (aparentemente óbvios para mim) para acreditar que estou certa.
Sendo assim, sabendo que já não posso discutir argumentos comigo mesma porque meu dado é viciado, eu não posso mais tentar basear nenhuma das minhas ações em racionalidade. Não posso mais tentar calcular no que alguma coisa vai resultar. Saio agindo compulsivamente e inconsequentemente por aí. Depois me acabo de ódio por ter feito isso ou aquilo, porque obviamente eu estava sendo precipitada e idiota e isso pode acabar com todas as minhas chances de ver o meu desejo de 13:13 acontecendo de verdade.
Mas fazer o que? Agora tenho uma explicação para o fato: eu não sei pensar em conseqüências do que falo ou faço.
Agora que eu não sou eu, consigo ver as coisas que não deveria ter feito, que não deveria ter dito. Mas o meu eu - lírico não pode sair por aí vivendo a minha vida.
Eu só queria ser assertiva. Queria esquecer esse meu medo de expor a minha eu oculta (a minha eu não-eu), e simplesmente deixar que os meus desejos e intenções sejam claros e transparentes. Que as pessoas me conhecessem pela minha essência e não pelo meu comportamento viciado. Porque só assim eu poderia ter certeza de que as pessoas gostam de mim por eu ser eu, pura e simplesmente.

Discurso de gente carente, né? Parece, mas para mim (tipo dois típico), apesar das palavras parecerem bobas e infantis, o que elas carregam por trás é na verdade exatamente o maior foco de sofrimento da vida.



►Tem um labirinto na minha alma, nunca explorado, nunca desvendado. Estou suspensa em papel, perdida na vida, me alimentando de emoções.