terça-feira, 3 de junho de 2008

Diga não ao sim!

Para formar uma frase compreensível, tudo que eu preciso é de um sujeito, um verbo e um predicado. Com o nosso arsenal de palavras da íngua portuguesa (que não é tão grande, mas é, pelo menos, curioso), podemos formar infinitas combinações, infinitas frases. Seria como infinito fatorial. Então, pensa comigo.........................................
Obrigada.
Agora veja: quem foi que elegeu quais são as combinações mais relevantes, digamos assim? Porque, com certeza, se eu escolher as minhas palavras e disser “Comi elefante ao molho de parafusos”, ninguém vai me levar a sério.
A questão é que, no mundo só de palavras, sem que elas estejam necessariamente ligadas a uma coisa viva e “real”, como os positivistas adoram acreditar, não existe o sentido. Mas se não há sentido, não precisamos de palavras. Mas se não temos palavras, como vamos atribuir sentidos? Mas porque atribuímos sentidos quando tudo que precisamos é olhar para o mundo e, de certa forma, deal with it.
Pois é... linguagem é arbitrária.
Às vezes ela até me parece uma instância metafísica.
E a sua principal utilidade é, de fato, ocupar o meu tempo, me dar motivo para pensar em alguma coisa que não sou eu: o meu instrumento para ser eu.
O mundo é para mim simplesmente essas frases formuladas em forma de causa e conseqüência.
Vejamos... temos um fenômeno. Um menino chuta uma bola. Uma bola foi chutada por um menino. O chute do menino atingiu a bola. A do chute bola uma menino um.
Arbitrariamente, eu escolhi a primeira frase. Porque ela me soou mais bonitinha quem sabe, ou seja lá qual for o motivo. Digamos que você escolheu a segunda, porque você estava gostando muito dessa bola, e achou uma tremenda covardia um menino chutar tão cruelmente o objeto do seu amor.
E não é que em milissegundos, o meu mundo se tornou completamente diferente do seu? Então digamos que a frase é outra. Digamos que é AQUELA frase. A frase que vai definir quem você é, que vai definir as suas intenções, que vai posicionar você diante do mundo e cuidar de você, te mostrar e te proteger. Só no seu mundo, é claro. No mundo dos outros a sua frase pode estar te denunciando, queimando seu filme, ameaçando, sacaneando, vingando, te transformando num filho da puta ou num panaca.
Nós nos espelhamos no mundo para formular quem somos. Mas quem somos só existe no nosso próprio mundo. É uma ironia simpática. Nunca mais entre na ilusão de acreditar que você é o que acreditam de você.
But then again... tudo que eu usei nesse texto para acabar dizendo isso foram palavras. Tão incompreensivelmente conceituais e simbólicas quanto qualquer outra. Em outras “palavras”, não me leve a sério... eu posso ter dito algo absurdo. Melhor eu voltar ao meu prato de elefante ao molho de parafusos.




►Um minuto de sua atenção............................................... Obrigada.