quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Do medíocre ao devaneio

As coisas deveriam estar correndo um pouco mais, mas estão andando, pelo menos. Eu mesma estou suspensa no ar enquanto observo o desenvolvimento do mundo no chão. Não me custa nada me envolver e eu o faço todo dia. Mas quando chego em casa e faço uma breve retrospectiva dos valores atribuídos aos acontecimentos, não consigo dar nota maior que 7 a nada. A não ser que o tal acontecimento tenha alguma coisa a ver justamente com essas coisas citadas acima que eu queria que estivessem acontecendo mais rápido. Em resumo: notas altas têm sido efêmeras (adoro essa palavra!).

O que me lembra da minha lista de palavras preferidas (sim, porque qualquer pessoa ociosa que se preze deve listar coisas inúteis. Sendo eu uma ociosa com fixação por palavras, é compreensível que minhas listas inúteis estejam nesse campo conceitual).
Efêmero (pelo conceito de efêmero, e também porque eu adoro a sonoridade de palavras proparoxítonas), esporadicamente (pelo conceito), paradoxal (porque algumas palavras quando são pronunciadas sem serem conectadas com o sentido rotineiro parecem significar outra coisa qualquer), prosápia, gabolice, jactância, bazófia e ufania (todas são sinônimos e no dicionário uma leva à outra em um ciclo sem nunca dizer em palavras de linguagem mortal o significado, que é: alarde, vanglória, ostentação), híbrido (pelo conceito e pelo som), aposematismo (porque essa palavra bonitinha me fez passar no vestibular da federal), inefável (porque existe uma palavra para falar daquilo que não se pode dizer em palavras), mímesis (palavra grega que originou muita coisa que conhecemos hoje, mas muita mesmo!), libido (porque é simplesmente ótimo usar libido em uma frase), ínfimo (porque me dá uma sensação sinestésica de ser comprimida dentro de um cubo de chumbo), tagmático (porque essa palavra não existe e o Erick já conseguiu tirar total em uma prova de filosofia no colégio por ter usado essa palavra em uma questão, por isso sou fã do Erick e da palavra que ele inventou), procrastinar (porque é um verbo com sinônimos simples, mas por que não fazer uma gabolice e dar uma de intelectual nojenta?), pândega (porque é uma palavra proparoxítona que significa "demonstração exacerbada de afeto em público"! Um máximo!)...
Tem tantas outras... essa é a lista das principais.
Enquanto não me ocupo de nada, me ocupo desse prazer efêmero, quase inefável, em contemplar a bazófia desse mundo paradoxal em seus detalhes mais ínfimos enquanto procrastino tagmaticamente os meus afazeres.



►Uma falta, outra falta, várias outras presenças, eu mesma sempre aqui, e a solidão de estar limitada a mim mesma ainda pesa mais na balança.