quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Eu também

Uma coisa me fascina no mundo: pessoas estranhas. Digo estranhas como pessoas que simplesmente são, ao contrário de todas essas que tentam ser. É esse tipo de gente que me intimida. Tenho uma tendência a colocá-las num altarzinho e tentar ser igual a elas, tipo criança imitando a mãe cozinhando.
É pra falar a verdade não é? Então vamos lá. Eu invejo vocês, todos vocês que não sabem quem são, mas que são alguém mesmo assim. Invejo pelo talento, pelas formas esquisitas de contornar a agonia que se instala na garganta toda noite, pelo sorriso que revela a verdadeira graça, pelos escândalos e pelas cenas deploráveis, por seguirem desejos, por entrarem no papel, por roubarem a cena, pelos vexames e pelas conquistas. Por carregarem vidas.
Poderia dizer que invejo a mim mesma, mas eu tenho uma grave cegueira quando se trata de espelhos. Quer saber, acho que nunca vou me sentir um de vocês. Sei que sou alguém mesmo assim, mas vou estar sempre cega para a proeza que brota do impasse. Mas eu também sou artista, por mais que metida. Eu também tenho um mundo... eu também sou estranha.


►It runs in the family...