domingo, 21 de fevereiro de 2010

Raiva enlatada


Hoje o meu carro pifou... e qual é a novidade nisso, não é mesmo? A novidade é que ele demorou alguns bons meses para voltar a me dar trabalho. Suspeito de que ele não goste de mim. Portanto, amanhã vou ter um atípico dia movido a ônibus. Por mais estranho que pareça, isso me animou um pouco. Tem muito tempo que não ando de ônibus olhando para essas cidades feias e essas pessoas feias e pensando em coisas randomizadas.

Eu tenho descoberto coisas sobre mim, diferenças entre as minhas carências emocionais que me fazem ser assim ou assado e as coisas que eu realmente sou. Hoje descobri que existe uma pequena Monica em mim. Eu NÃO CONSIGO conviver com um ambiente sujo. Desorganizado tudo bem, bagunçado, caos absoluto até que vai. Mas se eu vir manchas ou resíduos ou poeira no chão ou sobre as superfícies eu fico desconsertada. Bate uma angustiazinha!

Também vi que eu não confio tão facilmente nas pessoas. Na verdade acho que existem apenas três pessoas no mundo em quem eu confio 95% e uma quarta em quem confio 89% (é engraçado como esse ranking não é tão óbvio quanto alguém que me conheça poderia imaginar. Me surpreendo com ele também). A maioria das outras pessoas que eu conheço devem estar em uma porcentagem abaixo de 80. Mas, afinal, nem em mim mesma a confiança chega aos 100%. Acho que me tornei uma pessoa muito desconfiada, haha.

Outra coisa que descobri é que eu não sou tão boazinha quanto eu mesma acreditava há alguns meses. Eu sou capaz de não gostar de alguém, e eu ás vezes nem preciso de um motivo para isso. Também descobri que eu não tenho muita habilidade para apoiar pessoas em momentos de desespero. Eu tenho uma tendência muito grande de tentar introduzir uma visão nova e racional à situação, para expandir a percepção da pessoa. Mas ontem acabei descobrindo que isso não é bacana para quem ouve. Quem ouve na verdade quer é algum tipo de suporte, um afago, sei lá... juro que nem entendo direito o que é que a pessoa quer ouvir em uma situação dessas porque eu não consigo cogitar a possibilidade de enganar as expectativas de uma pessoa apenas para vê-la mais calma ou feliz. Pensar nisso me dá raiva. Assim como me dá raiva a falta de racionalidade que ataca uma pessoa. Eu tenho raiva principalmente do costume de se deixar às mãos da pura reação emocional impensada, porque para mim o sofrimento não vale a pena. Não é possível que uma pessoa não seja capaz de tomar as rédeas das coisas, do próprio coração, dar uns bons tapas nele e falar “cala a boca que agora é o cérebro que vai tomar conta dessa jussanga aqui!”. Se eu não acreditar nisso do fundo do meu intestino, juro que entro em parafuso. Eu PRECISO acreditar que uma emoção não vai acabar comigo e me levar como naquela maldita musica do zeca pagodinho, sem que eu possa evitar, fazer uma escolha, fazer com que a minha vida pertença a mim e não a outra pessoa. Nunca mais quero me sentir nas mãos de alguém, como se minha felicidade dependesse de um sorriso ou de duas palavras enigmáticas que vão me deixar três semanas sem sono, imaginando o que possam ter significado.

Nossa... tive um momento de catarse aqui! Até taquicardia me deu depois desse desabafo enfático... Blog também é terapia, gente! Não sabia que era por isso que estava tão irritada ultimamente. Mas e agora? O que fazer... ainda não sei como agir diante dessa raiva. Eis um tema para a próxima sessão.



Ainda não me cansei de Muse.