quinta-feira, 23 de abril de 2009

A tela plana me deixou perceber...

Hoje eu estou feliz. Por que? Bem, porque eu tenho o laboratório, porque eu tenho o meu cérebro, porque eu tenho uns bons amigos, porque eu uso amarelo quando me dá na telha, porque fantasias não podem me machucar de verdade, porque tristeza é para gente deprimida, porque a menina que se suicidou hoje me fez pensar em coisas profundas, porque eu estou começando a meta-filosofar sobre a minha terapia, porque os meus caminhos viciosos não precisam ser sempre os mesmos, porque hoje vou dar uma aula bem light lá no Greenwich, porque semana que vem não vou ter aulas, porque acho que vou ter um bom tempo para botar em dia as coisas que estiveram me esganiçando, porque estou a toa no horário de Técnicas Gráficas porque a professora viajou, porque tenho mais uma vez uma obsessão fora dos assuntos acadêmicos e dá-se um jeito no resto, porque eu ainda posso sempre arrumar desculpas mirabolantes para não ter cumprido com responsabilidades, porque me sinto feliz por pessoas, porque me sinto nostálgica desde sábado... será que preciso de mais motivos?
Uma coisa me cutuca... mas essa é a de sempre, a que me desestabilizou já tem um tempo. E bem, continua a me manter na minha já habitual instabilidade emocional. Mas se não dá pra superar, o jeito é lidar com isso a cada dia.
Como já mencionei, hoje de manhã uma menina do prédio da biblioteconomia pulou do quarto andar do prédio e foi encontrada alguns minutos depois, morta no jardim, por uma amiga de sala. Essa notícia me chocou horrores. Comecei a pensar demais em morte. É sempre perigoso me deixar ficar pensando em morte. Mas bem, no final das contas eu estava fazendo humor negro sobre o fato. Coitada da menina... mas aí pensei: por que coitada? Poderia até dizer coitada da amiga ou da família, mas e eu com isso? Sério, sem querer parecer uma vara sem coração, mas já parecendo, eu não tenho obrigação de me sentir mal por ela... o fato é que me senti mal por mim... como eu disse, é meio perigoso me deixar pensar em morte. Eu geralmente vou fundo demais nas viagens, até que me pego questionando coisas básicas demais para me manter em um nível aceitável de sanidade ou interação social.
Outro dia estava aqui na Fafich pensando... em como é tão bom esse clima do lugar, mas em como é uma existência um pouco vazia. Cruzar com amigos no corredor, sentar no laboratório para passar o tempo, voltar à cantina para comprar um salgado, ir a uma aula e fingir que estou super interessada no tema. Não é a toa que estive meio... não sei bem a palavra para descrever... inerte, acho. Acho que é a rotina. Dessa rotina brotaram as duas coisas mais importantes da minha vida atualmente (digo importante no grau de afeto sobre o meu humor). Aquela que sempre me levanta, mas dá um enorme medo de nunca chegar tão alto quanto desejo e aquela que é pura contradição, me faz me sentir radiante e ao mesmo tempo como uma uva passa empoeirada esquecida atrás do sofá da sala.
Que emoção, hein. Por isso me peguei sentindo tanta saudade assim.
Às vezes acho que deixei a minha vida chegar a um ponto sem volta... mas na verdade, qualquer ponto da vida é um ponto sem volta. Eu apenas ainda não aprendi direito como se vive um dia de cada vez.
Afinal, para que tanto peso nas coisas? Meu próximo passo será a leveza. Começando pela felicidade nunca plena que sinto hoje. Mas quem disse que precisa fazer força para sorrir?



►Uma nova era Pato Fu vem vindo aí.