sábado, 17 de outubro de 2009

Nada de poesia.

É nessas horas que eu digo o quão enrolada até o pescoço estou, e como a sorte sempre tende a passar a mão na minha cabeça, me tornando assim essa pessoa irresponsável que sou.
Eu podia até ficar horas discursando sobre os mais recentes conflitos em matéria de relacionamentos interpessoais. Podia reclamar do fato de que meu curso passa e eu cada vez menos sei o que fazer dele. Outro tema bem batido é o que me fez abrir o meu blog há poucos minutos: a nostalgia.
Mas agora me vejo confabulando sobre essas coisas que acabei de citar, e não apenas isso. Sabe como é o cérebro humano em seu modelo conexionista, não? É tudo uma rede semântica muito auspiciosa para a associação livre (see what I’m talking about?).
Não não... agora mesmo estava me perguntando por que alguns tipos de tecido têm um cheiro tão característico quando se guarda eles por meses sem tirar do armário... ou por que o sorriso simplesmente vem quando os olhos repousam em certas coisas.
Mas não adianta. Não adianta tentar escrever sobre a poesia das coisas simples da vida. Essa não sou eu. Pelo menos não sou eu agora.
Tem um eco na minha cabeça. Hoje ele resolveu trazer de volta coisas nas quais não penso muito freqüentemente. Deve ter sido eu, aliviada por saber que minha apresentação no evento não será mais na segunda, e sim na quarta, tentando adiar mais ainda essa responsabilidade. Enfim, descobri que não lembro mais de algumas coisas que sei que aconteceram. É como aquela frustraçãoinha que se tem quando as memórias de infância param de vir em primeira pessoa e passam a vir em terceira: eu sei que vivi, eu só não lembro que vivi... é como se não tivesse vivido. Mas enfim, estou viajando aqui. O que ficou marcado mesmo é que ainda guardo as fotos mentais que tirei por aí. Se bem que já faz alguns anos que não tiro nenhuma.
Tenho essa sensação estranha de que tenho me deixado levar pelo vão da vida, sabe? Como se eu tivesse perdido alguma coisa lá atrás naqueles gramados e bancos e ônibus e ruas e quartos e festas entre adolescentes nerds e encontros em shoppings para discutir desenhos animados e músicas em uma língua que eu decorava mas nunca entendi. Falando assim, parece idiotice. Mas eu me sinto tão diferente que às vezes, vai que eu me esqueci de ser alguma coisa que eu prezava muito na época.
Na verdade isso tudo é um movimento de regressão. É o medo por não ter um objetivo. Eu nem nunca fui muito de precisar de objetivos para sentir segurança antes da faculdade e tudo mais. Mas bem, faculdade faz isso com as pessoas. Pelo menos me mostrou que, bem, minha vida não vai ter um ponto de chegada se eu não der a partida... e dar a partida para mim significou simplesmente mergulhar cada vez mais nessas fugas. Trabalho, pesquisa, evento, estágio, psicologia cognitiva, neuropsicologia, psicanálise, psicanálise lacaniana, gestalt terapia, fenomenologia, filosofia grega, gastronomia, terapia, cachorros, roupas, dinheiro, planos de viagem, amigos sim, amigos não, reclamação, reclamação, reclamação... posso ainda ser sorridente, infantil, alegre, tímida, boba, submissa... como sempre fui (e dizer algumas dessas coisas sobre mim mesma na verdade quase dói fisicamente). Mas agora o núcleo de quem eu sou é a preocupação. Me preocupo até em me preocupar demais. Acho que é ansiedade também... o que for. The thing is... eu não gosto tanto assim dessa pessoa que eu sou agora. Já tive melhores!
Sabe... você cansa de suspirar. Meio que sobrecarrega o pulmão, o cérebro, o coração e todo o seu sistema imunológico. Suspirar é na verdade a causa do meu cansaço, e não só um indício de que ele existe.
E é por isso que eu não escrevo. Nada bonito, nada bem planejado, nada que outros irão ler e achar enigmático ou pensar que eu sou intelectual ou culta ou qualquer bobagem dessas. Nada de poesia... Como diria a Phoebe, eu não consigo encontrar nenhuma palavra que rime com aaahhaahAAAHAAAAAAAAHAAAAAAAAAA!


►Sabe a sensação do salgado demais...?

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Home sick.

Passou-se um longo dia. Sem faculdade, sem terapia, sem trabalho, sem estudos. Assassinei tudo por causa da gripe e acabei hanging out no Central Perk com os Friends... Claro que não sem dedicar as ultimas horas desesperadas do dia para colocar alguma coisa no ar naquele PPBLab.

Eu ia... Mas não fui.
E assim nada vai. Tudo fica ou volta.
E eu continuo enquanto nada continua. E todos se cansam, e eu tenho essa beleza de tolerância infinita.
E tudo passa e eu espero.
E eu finjo, o que é mais importante. Porque onde é que eu estaria se não fugisse? Num lugar bem melhor, eu garanto.
Ou quem sabe não.
Mas como ele me disse, e era verdade, assim eu ainda não sou nem faço, nem nada.
Não me admira essa gripe.
Não me admira o silêncio.
E como era de se esperar, a responsabilidade é minha. Nada vai pra frente se eu não empurrar. Newton queria nos dizer alguma coisa com a lei da inércia, não?
E eu ia dizer. Mas não disse.
Hoje eles literalmente comeram uma lágrima minha.
E eu percebi o que ele disse. Que eu ia acabar sendo falsa. Acho que já sou. Finjo amar incondicionalmente enquanto acumulo rancor silenciado.
Isso não pode acabar bem...
Coff coff coff... sniff.
Ai que dorzinha na minha existência!


►Sem falar nas costas, nos músculos da coxa, na cabeça e na garganta!

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Explosivo

O que a gente faz quando fica cansado de alguma atividade? Bem, acho que paramos de fazer o que quer que esteja nos cansando e partimos para outra. Porém, um dos maiores problemas da humanidade particular que habita a minha mente é uma coisa que eu chamo de “nhhhhiaaaaAAAaaaAAAAaAaaAaaAAaa” (bonito nome, eu diria). Cansar de tudo, absolutamente. Até daquela coisa que deveria estar me ajudando a lidar com esse cansaço de tudo. Porque eu não quero mais pensar em futuro, nem em passado, nem em trabalhos, nem em estágio, nem em pôsteres, nem em revisão pra prova dos meninos, nem em dinheiro para pagar meu irmão, nem nos problemas que ainda tenho (e sempre vou ter) com a minha mãe, nem no equivalente ao item anterior para a minha irmã... Repare que no ultimo post baboseei sobre um sonho que tive com minha mãe e minha irmã... sugestivo?
É por isso mesmo que compro roupas novas, DVDs de filmes bonitinhos, escuto aquela sagrada música da Lauryn Hill: Ex-Factor (puta que pariu!). Takes my mind off things...
Tivemos uma daquelas boas conversas de irmão pra irmão (literalmente), e acho que foi a única coisa que realmente gostei nesse fim de semana. Sem ofensa a qualquer pessoa que tenha dividido momentos comigo durante esse fim de semana. Eu apenas não estava completamente lá com vocês.
Amanhã, primeira coisa que vou fazer é tomar vergonha na cara e levantar da cama, tomar um banho e me chutar para fora dessa casa às sete da manhã! Cansei desse negocio de acordar tarde porque fico reativando o soneca... que coisa de frouxo!
Depois vou fazer uma ultimate agenda! Aquela que vou seguir com obsessão. Até semana que vem, coisas estarão prontas e definidas e fodas quem tiver uma opinião contrária sem ter oferecida a devida assistência naquilo em que não era mais que uma obrigação oferecer!
A última coisa em que vou pensar essa semana é no estágio, já que a perspectiva está mais longe agora.
Finalmente a matéria da Andréia começou e agora tem mais uma preocupação de urgência. Mas eu me viro com isso depois que resolver os pôsteres.
E nessa semana eu ME PROIBO de perder com improdutividade.
Mas antes de tudo, é de extrema urgência que eu recarregue o meu mp3 para que eu sobreviva a isso tudo ainda com alguma sanidade.
Agora, falando de boa... não estou nem um pouco a fim de ir amanhã na terapia... acontece né?






►”cuz no one loves you more then me... and no one ever will.”

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Ontem?...

Ai que preguiça quando eu faço esse tipo de coisa. É certo que reclamar é uma espécie de satisfação masoquista de desejos muito escondidinhos lá nas masmorras da minha mente. Mas não sei como ainda não aprendi que eu me sinto tão melhor quando me sinto útil e eficiente.
Essa noite eu sonhei que a minha mãe e aminha irmã tinham morrido no mesmo dia em acidentes de carro diferentes. Minha mãe tinha sido atropelada duas vezes (e morrido na segunda) e a minha irmã estava num carro que bateu ou capotou muito feio. Então eu comecei a encarar a minha vida diferente, como ela teria de ser uma vez que as duas não estivessem por perto. Eu já estava pensando em como pararia de estudar e trabalhar para poder cuidar bem dos meus avós e estava pirando sem saber como tocar a construção da nova casa onde eles vão morar. Então caiu a ficha de que elas tinham morrido e que não apareceriam mais. Nessa hora eu acordei chorando com a luz do sol na minha cara. Desde então o meu dia foi um pouco bizarro. Fiquei pensando no que poderia significar o sonho, mas larguei isso para lá quando cheguei na faculdade. Mais uma vez a professora não foi, só que finalmente foi por motivo de saúde e acho que ela foi aproveitar a vida. E eu, naquela preocupação com todas as coisas que precisam ser feitas por mim, apenas repassei na minha mente varias vezes a frase “não era para você estar aqui na cantina não fazendo nada!”. Fui almoçar, voltei para a fafich, os meninos estavam alegres e falantes como sempre à minha volta, mas eu sentia crescer cada vez mais uma pressão no peito, como se respirar ficasse pesado e dolorido. Humberto traduziu o sentimento em angústia. Fomos então corrigir testes e eu me tranqüilizei uns 5%. Mas ainda havia uma sombra por trás do meu rosto, ou uma espécie de véu turvo entre mim e o mundo. Não consegui botar em palavras o real problema. Até agora não sei bem qual foi o real problema, mas será que teve alguma coisa a ver com esse sonho? Foi a conta do Humberto e o Lafa saírem do laboratório e eu comecei a chorar. Não escandalosamente ou histericamente como faço às vezes, mas o familiar nó na garganta veio fazer uma visitinha. Por fim fui para a cantina e encontrei Flor e Jonas lá matando tempo. Acabei contando para ela sobre um pensamento intrusivo que me estava incomodando: o PPBLab. E a reação dela foi tão pateticamente tranqüila que eu me senti uma idiota. Afinal, por que ficar preocupada por não saber de uma coisa e não apenas ir lá ficar sabendo? Nessa hora me lembrei do gato doSchrödinger e a brilhante conclusão do Tomaz: se você não sabe de uma coisa, você não sabe de uma coisa. Então decidi que eu preciso ir até a caixa, abri-la e ver se o gato está vivo ou não.
Depois foi trabalho. O lugar onde não preciso pensar. Essas duas horas e meia por dia em que passo no trabalho se tornaram uma espécie de tempo mental livre de problemas, responsabilidades e lembretes. Porque falar inglês é natural e os alunos dão trabalho, mas eu gosto deles. Acho que sirvo mesmo é para dar aula a adolescentes no auge da hiperatividade. Me sinto à vontade lá.
Por fim liguei a TV, me esquecendo da angustia, do véu turvo, da boate, dos artigos que ainda preciso ler para amanhã, e fiquei assistindo aquele filminho de puro entretenimento e nenhum conteúdo de verdade: Quebrando a Banca (nome horrível, mas tradução de titulo de filme tem que ser ruim ou não é o que se propõe a ser).
É... esse foi um dia sombrio. Espero que amanhã, algumas coisas fiquem mais iluminadas.
E eu diria mais... eu diria que é por isso mesmo que estou indo dormir!



►Bye...