Existem dois tipos de perda: aquelas que aconteceram por conseqüência de escolhas (que foram necessárias para que eu chegasse às outras fases da vida, mas não menos aversivas por isso), e as perdas que simplesmente aconteceram.
Bem, o segundo tipo de perda é o problemático. Não foi preciso perder algo, e por isso me arrependo de não ter criado uma forma de impedir que a perda acontecesse.
Então me torno uma perdofóbica, me paraliso a cada nova escolha, torno todo o processo um inferno, sempre e sempre. Cada vez que começo a me sentir assim, sem saída aparente, me desespero. Eu sei que as perdas que resultam de escolhas são boas perdas. Inclusive, olhando posteriormente, não queria ter conservado nenhuma das coisas que perdi por causa de escolhas. Sem elas não teria ganho tudo que ganhei. Mas racionalidade não funciona assim. Eu continuo apavorada.
E, por isso, provavelmente não vou lidar bem com a escolha até lidar bem com a perda natural.
É por isso que eu tenho que enxergar os fatos: não é impossível, e não é evitável. Esses motivos que eu crio para manter a situação como está são apenas desculpas para não ter que encarar uma escolha. Eu não vou ficar pra sempre nessa mesma situação, a não ser que eu não faça nada a respeito. E já está mais do que na hora de fazer algo a respeito!
E essas perdas que acontecem sem que eu possa fazer nada... bem, eu nunca vou gostar delas ou pensar nelas com simpatia. But shit happens.
O máximo que eu posso fazer é aproveitar as coisas enquanto ainda as tenho. Guardar as lembranças bem guardadas. E não deixar que minha vida vire a vida de algém que conheço, que viveu a vida inteira lembrando do passado e planejando o futuro. Acabou se esquecendo de viver o presente... Agora que não tem mais futuro e já se esqueceu do passado, está ausente de si... Nunca soube como é viver...
►Essas pessoas da sala de jantar... são ocupadas em nascer e morrer!