Essa noite eu tive uma crise de paralisia do sono mais uma vez. O mais assustador é que essas “crises” duram cada vez mais. Ou seja, é cada vez mais tempo de angustia por não conseguir me mover e estar consciente disso.
Ultimamente eu sempre tenho consciência do que está acontecendo. Chego a pensar “ah não, mais uma vez?”.
Dessa vez foi assim: eu estava sonhando, e eu não lembro bem o que estava acontecendo no sonho, ou como eu fui parar no meu quarto. Em certo ponto eu estava no quarto e me deitei na minha cama. Então, de repente, eu sabia que estava acordada, mas não completamente. E o sonho continuou acontecendo, mas eu sabia que estava meio acordada. Então um homem estava deitado na cama da minha irmã, do meu lado direito, se levantou e veio até a minha cama. Mas ele não tinha cabeça. Tinha, mas quando eu olhava para ela, a cabeça desaparecia e se misturava com o teto atrás dela. Eu estava cagando de medo daquele homem com uma blusa de frio cinza claro. Na verdade não estava com medo dele, mas estava com medo de ele ser de verdade e realmente estar ali enquanto eu estava meio acordada e não conseguia me mover. No fim estava com medo porque nessas situações fica difícil distinguir o que ainda faz parte do sonho e o que já é real, porque eu experimento os dois ao mesmo tempo (seria isso uma quase alucinação?).
Eu comecei a tentar mover pequenas partes do meu corpo. Tentei fechar o punho com força e cravar as unhas na palma da minha mão para sentir dor. Eu sentia que estava fazendo isso, mas não conseguia sentir nenhuma dor. Era como a sensação de sonho mesmo: eu sinto as coisas mas não as coisas em si... eu sinto um fantasma das coisas, uma quase sensação. Eu fechava os olhos e parecia penoso abrir novamente. Mas eu abria e via ali o meu quarto escuro. Tentei resmungar, mas não saia som da minha garganta.
Em certo ponto minha respiração começou a ficar pesada. Foi a primeira vez que ficou difícil respirar no meio de uma coisa dessas. Três vezes seguidas a respiração pesou, mas voltou ao normal. A maior agonia era que eu tentava respirar mais fundo, mas como eu já disse, eu não conseguia mover nada do meu corpo por vontade própria. Da terceira vez que a respiração ficou pesada ela falhou. Eu fiquei alguns segundos sem mover o peito e aí, com a falta de ar, meu corpo se contorceu todo e eu acordei, finalmente.
Essa noite foi uma das vezes mais longas, e claro que uma das mais angustiantes.
Respirei fundo, bebi um gole de água, voltei a dormir.
Quando já era de manhã eu estava sonhando que estava coçando insistentemente a perna mas a coceira não passava. Quando acordei eu tinha certeza (não sei como) que eu estava fazendo os movimentos do sonho com o corpo.
Estou começando a me preocupar com esses meus pseudo-distúrbios do sono (sem contar com aquele dia que descobri que sou sonâmbula ao me pegar jogando água em mim mesma quanto dormia...).
Me apareceu um dilema financeiro: um estágio bem remunerado em uma área em que eu sei que não iria gostar de trabalhar versus o laboratório que me dá tesão e abre caminhos para coisas que quero para o meu futuro, mas onde não tenho garantia alguma de conseguir uma bolsa... Eu me conheço, vou acabar suportando por mais algum tempo indefinido a falta de dinheiro, não poder comprar nada, não poder almoçar durante a semana, não poder ir a shows, não fazer nada em prol da minha super dedicação à minha vida acadêmica.
►Pequena pausa nos verbetes (a prioridade do momento) para respirar.