Não há buraco fundo que não possa afundar um pouco mais.
Cá estou eu, presa entre as duas faces de uma única opção aparentemente plausível. Ou segura. Ou que seja a única coisa que eu consigo fazer no momento, simplesmente por não ter repertorio comportamental adequado no meu arsenal. Não sei mais como sair dessa circunferência provocadora de dependência química.
Sim, eu consigo fazer coisas mirabolantes, eu me vejo mais perto desse mundo hipotético (dedutivo) que eu sonhei para mim, eu confio na minha capacidade de completar o caminho. Mas por que é que parece que eu sou a única que não tem certeza? Eu sou a única que não tem apoio (alguma base sólida que ajude a manter o equilíbrio). Pois bem, eu sei o que eu quero, e sei muito bem. Mas de duas uma: ou o que eu quero não me dá garantia de nada no meu futuro cada vez mais obscuro, ou o que eu quero me parece impossível de alcançar porque eu nunca aprendi a lidar com tais assuntos capciosos.
E desses dois mundos eu escolhi um para fingir que o outro não me afeta. O que eu escolhi me ofereceu boa distração até o momento em que conversei com o João sobre isso.
E na verdade isso tudo é uma baboseira de marca maior. Eu não tenho que escolher nada. Tudo faz parte de mim. É apensa mais fácil ignorar a parte de mim que incomoda (e os supostos amigos mais próximos têm feito questão de agravar o incomodo... depois me pergunto por que tenho sido assombrada por essa solidão existencial). Acho que ia ser tão bom contar esse detalhe com todas as palavras para alguém... mas quem é que pode ouvi uma coisa dessas? As pessoas em quem não confio o suficiente para mostrar meus medos ou as pessoas em quem confio, mas que são justamente quem tem me provocado medo e mágoa com esse assunto? Ou quem sabe a única pessoa em quem eu confio que não vai me provocar tais mágoa e medo, mas que tem por si só mais problemas que eu jamais poderia imaginar em ter na minha vida... Eu sempre estive isolada, eu e eu mesmo... mas essa bola de neve virou uma avalanche.
Reclamações à parte (e reclamação ultimamente não me falta), eu sei que não dou conta disso tudo sozinha. Sim, dou conta porque tenho vivido comigo mesma há vinte anos e vou bem, obrigada. Mas não sou tão incrível ao ponto de conseguir ressignificar a minha vida a partir do nada que me cerca. Tudo que posso dizer é que o jeito é agüentar calada por mais um tempo indefinido mesmo, como sempre foi. Até quando será que eu posso estender isso?
Ah, que preguiça que eu tenho dessa minha imaturidade emocional...
►Meu repertório comportamental é rico em estratégias de fuga e esquiva e de defesa...