Faltaram dois litros de chuva. Faltou uma palavra mais pesada. Faltou uma olhadinha para trás depois de me afastar uns dez metros. Faltaram dois quilos de desabafo. Faltaram mais cinco horas de verborréia.
Mas, apesar das faltas, eu somei quarenta quilômetros, meio prato de comida, um abraço inesperado e cinco quilos de confiança.
A matemática desse dia me alegrou.
Por que nunca sentimos as vísceras? Nunca percebemos sequer a existência delas a menos que algo muito absurdo aconteça: como uma montanha russa, um beijo ou a pergunta feita no momento errado. Ah, a pergunta feita no momento errado, como se houvesse momento para uma pergunta. Tive que deixar aquela para depois. Não estragou o almoço, mas porra! Acho que foi uma das coisas mais pesadas e, digamos, direto ao ponto frágil que eu nunca reparei que estava lá que já me perguntaram. Tinha que vir de psicólogo mesmo...
Sabe... adoro a forma como eu vejo o mundo de uma forma diferente quando estou com cada amigo. Eu entro num clima, absorvo a energia e tomo a lente emprestada. Como o mundo fica dançante e me dá uma vontade de rir de pessoas mal vestidas quando estou com o Cherem. Como a linha invisível feita de metáforas que dividia dura realidade e absurdo hilário quando andava por aí com o Fefs. Como a delícia que é sentir cada tipo de sentimento, como o sublime delight de me deparar com a melancolia quando estou com o Humberto. Como o nonsense e a gargalhada que brota da garganta quando estou com a Laila e a Diva. Como o mundo que parece se transformar em algodão à minha volta quando me encontro com o Theus. Como a vontade de gastar todas as energias disponíveis na minha bateria até simplesmente desmaiar quando vejo o João (que saudade dele!)
Lembranças vêm em um pacote junto com algo subjetivo indescritível que me lembra um espírito do momento, ou coisa parecida. Uma musica de Interpol tocando no meu fone agora me faz lembrar não só de momentos em que a ouvi, mas de um cheiro especifico, uma temperatura especifica, um, digamos, estado de espírito específico. Acho que é por essa sensação de voltar no tempo que eu sou tão fã da nostalgia.
►Seria filosofia? Seria relevante? Seriam algum dia grandiosos esses meus comentários sobre o sentimento de estar viva?