Primeiro eu quero porque eu nunca tive. Depois eu descubro que eu quero porque eu vejo que os outros têm e eu não. Aí me sinto injustiçada porque não posso ter o que vejo os outros tendo. Daí me pergunto por que eu não tenho. Claro que a culpa então é do mundo, nunca minha. Se dependesse de mim, é claro que eu teria.
Depois eu quero porque eu quero fazer parte daqueles que têm. Não apenas pela coisa em si, mas pelas pessoas que se afastam pelas diferenças de posse.
Mas depois eu me irrito. Porque não quero mais as mesmas pessoas, porque não quero mais um lugar ou outro, porque não quero mais ser responsável pela diversão alheia. Mas que monte de besteira. Afinal qual é o problema com as pessoas ou com os lugares, ou com os ruídos ou tipos de iluminação?
A psicologia nunca se provou mais verdadeira. Auto-sabotagem. Eu arrumo uma desculpa para não ter. E por que será? Para continuar querendo? Porque é novo demais ser igual aos outros? Ou quem sabe porque tudo que eu disse até agora é uma besteira e uma ilusão. Acho mesmo é que estou nesse ciclo vicioso de frustrações pelos motivos errados. Porque esse ciclo tampa o outro, mais irritante e fundamental.
O problema é eu querer carregar o mundo nas costas... a ponto de achar que isso é a minha obrigação... a ponto de eu não querer mais carregar o mundo nas costas porque agora me faço acreditar que todos à minha volta esperam que eu resolva o mundo, em vez de ser eu mesma quem espera isso de mim. Aaaah... fiquei tonta.
Vai ser pra sempre assim? Eu me afetando por fantasmas e me privando do sorriso? Para onde foi o meu lema de que posso me divertir em qualquer situação? Hipocrisia mandou lembrança...
►A busca pela minha própria vontade me mostrou que eu me tornei isso... um balão vazio e sem próprias vontades... e me mostrou como é difícil deixar de ser quem se é.