Como será não ter nada? Livros para ler, pessoas para brigar, lugares e responsabilidades... como será não ter nem o que lembrar? Ultimamente tenho estado num estado gradativo de estresse. Tem as causas clássicas: trabalho, decisões, faculdade, os meus desafios psicológicos de sempre... mas o que mai tem comido a minha energia é a situação que me envolve em casa. Minha avó tem Alzheimer e chegou a um estado muito avançado. Atualmente ela não quer mais comer, tomar banho, tomar os remédios, beber líquido, ou sequer se levantar da cama. Se deixássemos ela de lado, ela entrava em estado vegetativo. Mas nos continuamos tentando. E cada vez que tentamos dar banho, comida, água ou remédio, ela começa a gritar, chorar e a bater na gente. Outro dia ela tentou me morder quando segurei o braço dela para não me bater. Depois ainda se surpreendem quando me vêem chorando quando isso acontece. É impossível separar isso tudo das lembranças de tudo que vivi com ela antes de ela desenvolver a doença. Ainda temos que lidar com o meu avô que não apenas é um idoso sistemático e digamos bem chato, acredita fielmente que essas coisas que ela faz é resquício da implicância e marcação que ela teve com ele durante toda a vida deles. A situação toda é um bolo de sensações e mágoas e medos e raivas... Mas enfim... Nós continuamos tentando...
E eu me pergunto às vezes... não é algo bonito ou confortável de se perguntar, mas para que continuar tentando, se nada mais gera resultado positivo? Não tem mais jeito...
Isso se chama exaustão... estamos todos nos esforçando além do que achávamos que era nossa capacidade, tendo que lidar com o impossível todos os dias, sentindo impotência e pessimismo e tudo por algo que não vai se curar.
Imagino que muita gente passa por esse tipo de coisa. E uma coisa é certa: cuidar de alguém com Alzheimer não é fácil!
Enfim... como mais vou conseguir passar por isso com sanidade se não desabafar, não é?
►onomatopéias....