quarta-feira, 16 de junho de 2010

Il est mort..

Eu geralmente tento não pensar demais sobre morte e, conseqüentemente, sobre suas conseqüências. Mas deixando de lado a minha própria morte, vamos pensar na morte dos outros. Ver a morte me faz perceber que o fato de eu estar viva se deve ao puro acaso. Sim, voltei à minha. É uma espécie de ciclo.

Essa semana o meu cachorro morreu. O Doug. Ele pegou cinomose, uma doença viral que ataca o sistema nervoso e aos poucos causa paralisia muscular sem contar outras seqüelas tristes, gasturentas e bastante doloridas. Ao ver ele sofrendo, chorando enquanto dormia e tendo espasmos musculares, eu fui empurrada contra a parede. Eu tive que decidir se meu cão ia morrer no dia seguinte ou em uma semana. De qualquer forma, eu ia perdê-lo. As chances de ele sobreviver eram quase negativas. E eu, com o coração apertado na garganta, decidi sacrificar ele para ele não ter que passar pela dor muito maior que viria com o próximo estágio da doença. Agora, o mais doído disso tudo é me sentir a responsável pela morte de algo que eu amo.

Houve um momento em que fui me despedir dele. Eu sabia que nunca mais o veria depois daquilo. E não sei como me segurei. Isso tudo pode parecer frescura para muita gente, mas o meu Doug significava algo para mim que eu nem consigo descrever com palavras.

Essa situação toda é uma bosta. Minha mãe inconsolável por não conseguir me consolar... todos medindo palavras para falar sobre cachorro perto de mim... e eu vendo aquele espaço vazio toda vez que entro em casa e a almofada, a vasilha de água e a pilha de remédios não estão ali...

Acho isso tudo uma sacanagem... ele era filhote.

Mas, enfim, por mais que eu tente me convencer de que eu não acredito em nada, acaba que eu acredito sim... ou quero acreditar. E se tudo der certo, quando for a minha vez de morrer, não vai ter apagão nem nada dessas minhas viagens macabras...



►CAR##$@@¨#$%$%##@&*¨&*&*&*(*¨%$#@&!