sábado, 31 de janeiro de 2009

Quando eu penso...

I. De repente eu me senti mal. Não tem nada a ver com o filme de conteúdo pesado... não tem nada a ver com as caras não muito bem humoradas. Bem, começou com aquela rua esburacada e escura. Eu dirigindo o mais rápido que conseguia e me esquecendo dos quebra-molas e do fato de que Contagem é um grande buraco com algumas ruas passando por ele. Nunca fiquei tão tensa dirigindo. Tem também o calor. Tem também a repentina solidão do início da noite. Quando não há mais estímulos para distrair os pensamentos daqueles caminhos magnéticos.

II. Semana que vem tudo vai mudar. Eu vou assumir de verdade a responsabilidade pela escolha que fiz, pensando e repensando nas tais responsabilidades, mas ainda não senti na pele o que isso vai significar. Começo a achar difícil pensar em planos futuros e em definir coisas. Como é que vu saber se estou assumindo uma profissão que ainda não sei se é a que quero seguir e aquela que eu sei, ou acredito saber, que quero seguir é tão distante que chego a desacreditar nela.

III. Aquele show foi um dos melhores. É engraçado como eu não realmente acredito que as pessoas existem até eu as encontrar a dois metros de distância e poder enxergar o brilho em seus olhos. É pura transferência. O centro do mundo foi aquela pessoa durante uma hora. Poderia ter durado mais...

IV. Então veio a Ângela pedindo satisfações sobre o trabalho que ignorei totalmente desde o fim das aulas. Afinal... para onde estou apontando? E o que é que eu espero encontrar lá?

V. E ontem? Percebi uma coisa e não foi agradável. Sabe aquela verdade que você já sabe, mas de repente você a sente? É como cair de bunda na areia quente que antes só incomodava o calcanhar. Tem uma coisa no mundo que me apareceu e eu peguei no colo. Eu criei tantas e tantas estórias sobre essa coisa. E eu gostava tanto das estórias que, bem, a coisa em si já não era apenas ela mesma. Mas então é inevitável a desilusão de aceitar (e finalmente sentir) que as estórias fui eu que inventei, para me fazer sentir melhor, para distrair, para dar sentido a alguma coisa, que seja.

VI. Senti um peso no peito... alguém machucou alguém que eu amo. O pior é que foi o acaso. Ou, segundo a minha religião, Murphy.

VII. Eu queria mudar o mundo... mas às vezes eu sei que ele está melhor correndo louco assim. Ah, como me sinto pequena. Perdi as forças por um momento para me esticar no chão e observar o caos acima de mim. Pois é, ainda não tem ninguém deitado do meu lado para segurar a minha mão.

VIII. Esse lugar é tão familiar... quem sabe porque é o meu quarto. Eu sei a história de cada coisinha que está aqui dentro. E se não sei, posso jogar a culpa na Laila.

IX. Sabe... não é sobre o quarto, ou sobre o emprego, ou sobre o acaso. Não é sobre nada. Só é sobre o ar que acabo de inspirar. É sobre a sensação de ser vento. É sobre tudo que eu penso. Bem, não consigo mais pensar... ficou grande demais.



►X. Ficou grande demais.