(Foto: Amanda Palmer. A mulher por quem eu me apaixonaria)
Tem algumas pessoas bem fofinhas na minha vida. Que dá vontade de abraçar, botar num potinho e alimentar com algodão doce. A Florzinha é uma delas. Outra é a Amanda. Sim, a Amanda Palmer. Depois que fiz um Twitter e estou seguindo ela tenho uma sensação tão estranha de que ela é uma pessoa de verdade...
Parece idiota isso que disse, mas o estranho mesmo é a impressão que tenho de que as pessoas não existem de verdade. Isso vem das minhas crises existenciais provocadas por ler O Mundo de Sofia quando tinha quinze anos. Durante bastante tempo tive sérias dúvidas sobre a existência de pessoas, das coisas que eu via todo dia, do tempo... de mim mesma. Mas eu tive alguns momentos bem cartesianos e fui obrigada a concordar que, pelo menos em matéria de consciência, eu existo. Tudo se complicou mais ainda quando eu “cresci” e fui estudar psicologia.
Daí hoje, enquanto esperava meus alunos chegarem para começarmos a aula, eu estava conversando com a Soraia, faxineira do Greenwich, e não sei por que eu sempre acabo chegando em assuntos religiosos nessas situações. Mais estranho ainda devido ao fato de eu tentar ao Maximo evitar esse tipo de conversa uma vez que as pessoas quase entram em choque quando ficam sabendo que eu não tenho religião, tão pouco acredito na existência (ou não existência) de deus. Enfim, nessa conversa acabei descobrindo que ela é cardecista e eu achei isso bem bacana, porque se eu algum dia fosse acreditar em alguma coisa, eu ia gostar muito de ser capaz de acreditar no espiritismo. Foi esse pensamento, justamente, que me fez sentir um frio na barriga. E se não existir nada de espírito ou sei lá?
Foi quando ela me perguntou se eu já tomei uma anestesia geral. Diz ela “se morrer for assim, então tá ótimo porque a gente não sente nada”. E eu fui obrigada a pensar que morrer deve ser assim mesmo! Quando sua consciência é apagada. Se faltar oxigênio no cérebro, o que acontece? Você desmaia. E a sensação é bem parecida. NADA. Você acorda depois como se não houvesse tempo. É esse nada que me dá vertigem. E se a minha consciência for simplesmente um padrão de conexões cerebrais que me fazem crer que sou quem sou e quando meu cérebro morrer então não vai haver mais nada... nem tempo..............................
Eu sempre chego nesse ponto. E é nele que eu paro. É por isso que eu tenho medo de morrer. Porque eu não sei ter religião ou fé. Eu só sei imaginar possibilidades.
Mas então eu percebi que eu tenho, não fé, mas esperança. De que essa estória toda de espírito seja verdade mesmo.
Nossa... comecei pensando nas pessoas fofinhas, na Flor e na Amanda... acabei chegando em revoluções espirituais.
Será que eu estou caminhando? Será que dá pra perceber de fora? Eu sei que minha vida mudou, mas como já diria a própria Amanda em “Good Day”: “I’d like to do more than survive, I’de like to rub it in your face.”
►And I’ve got some faces to rub it in, for sure!